domingo, 5 de junho de 2011

dois atos

Primeiro ato

Gritei tanto que não fui ouvido. Corri demais e permaneci onde estava.
Quis tão afoitamente que o desejo assustou-se. Persegui o tempo, soprei
a ventania, desprezei a cautela, caí da cama. Achei que perderia e a perda
já estava achada.

Segundo ato


Fui ouvido no silêncio. A quietude levou-me mais longe.
O desejo desejou-me, sem instigar minha resistência. Fiz as pazes com os
segundos, abdicando de ser sempre o primeiro, aventei novas possibilidades,
apaixonei-me pela calma, caí na cama. Achei-me na perda, perdendo o medo
de me perder.

4 comentários:

  1. ..."perdendo o medo de me perder."

    Lindo Hélcio! Gostei muito. Um beijinho com amizade, Ana Casanova.

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  2. Belo poema.
    Um pouco paradoxal... Mas que se alcança o desejado...
    Lindo!

    Uma linda semana de paz.
    Bjos!

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  3. De maneira diferente escrevemos sobre o mesmo tema, que grata coincidência! Gostei muito dos teus escritos moço, vou ficar por aqui lendo mais um pouco.


    Beijos pra Ti

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  4. Ameiiiii...profundo...lindo...sei que muitas vezes as pessoas ficam presas no primeiro ato... mas com certeza, tudo flui, se vivermos como no segundo ato...
    Beijo...boa semana
    Valéria

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