Jung ensinou que o sofrimento deve ser superado e que a melhor maneira de fazê-lo é suportando-o.
Ou seja, é preciso sentir a dor da perda, para perder-se delas (a dor e a perda). Esse doloroso e inevitável trânsito pelo tormento, pelo desconforto é o paradoxal caminho para o prazer, em todas as suas derivações.
Se Saturno perder um de seus anéis não poderá Vênus substitui-lo em seu lamento, pela contemplação da lacuna em um de seus dedos. Caberá ao próprio Saturno colocar o dedo na própria ferida. E chorar e orar e morar naquele vazio, até que seja ele preenchido naturalmente...pelo próprio afligido. Não há luta por aquilo que não se deseja, não há desejo sem o sentimento ou pressentimento da falta, assinada e com firma reconhecida pela realidade.
Não raramente, produzimos inconscientes e tardias vinganças, que atingem quem nada tem a ver com o pato ou com o fato que gerou ondas sucessivas e intermináveis de desvalia emocional. Lá atrás, o abandono quase letal deixou marcas na pele da alma. Longas estrias, estradas mal pavimentadas, tão abandonadas quanto o veículo, que parece não acreditar em seu motor. Que horror! Agora, o desamparo reaparece sem legendas, reabrindo as cicatrizes, fazendo sangrar e sangrar, numa torrencial hemorragia de carência por um colo fundamental que não foi oferecido. O protocolo do afeto foi quebrado, como um espelho, dividindo a própria imagem em zil pedaços. Os cacos só poderão ser recolhidos pelo titular da imagem, que tentará reuni-los a seu modo. Até que isso aconteça (se acontecer), haverá espelhos substitutivos que, por misteriosos motivos, insistirão em mostrar o mesmo desenho fragmentado àquele pobre coitado que tenta, ainda que disso não saiba, voltar a sentir-se inteiro.
Por isso, não queira chegar primeiro aonde o outro (e somente o outro) precisa chegar.
Ou seja, é preciso sentir a dor da perda, para perder-se delas (a dor e a perda). Esse doloroso e inevitável trânsito pelo tormento, pelo desconforto é o paradoxal caminho para o prazer, em todas as suas derivações.
Se Saturno perder um de seus anéis não poderá Vênus substitui-lo em seu lamento, pela contemplação da lacuna em um de seus dedos. Caberá ao próprio Saturno colocar o dedo na própria ferida. E chorar e orar e morar naquele vazio, até que seja ele preenchido naturalmente...pelo próprio afligido. Não há luta por aquilo que não se deseja, não há desejo sem o sentimento ou pressentimento da falta, assinada e com firma reconhecida pela realidade.
Não raramente, produzimos inconscientes e tardias vinganças, que atingem quem nada tem a ver com o pato ou com o fato que gerou ondas sucessivas e intermináveis de desvalia emocional. Lá atrás, o abandono quase letal deixou marcas na pele da alma. Longas estrias, estradas mal pavimentadas, tão abandonadas quanto o veículo, que parece não acreditar em seu motor. Que horror! Agora, o desamparo reaparece sem legendas, reabrindo as cicatrizes, fazendo sangrar e sangrar, numa torrencial hemorragia de carência por um colo fundamental que não foi oferecido. O protocolo do afeto foi quebrado, como um espelho, dividindo a própria imagem em zil pedaços. Os cacos só poderão ser recolhidos pelo titular da imagem, que tentará reuni-los a seu modo. Até que isso aconteça (se acontecer), haverá espelhos substitutivos que, por misteriosos motivos, insistirão em mostrar o mesmo desenho fragmentado àquele pobre coitado que tenta, ainda que disso não saiba, voltar a sentir-se inteiro.
Por isso, não queira chegar primeiro aonde o outro (e somente o outro) precisa chegar.
Esse é um texto que preciso ler, reler e absorver...
ResponderExcluirCada palavra lida foi se encaixando ao que tenho refletido ultimamente.
Bom... Melhor eu não dizer mais nada... Fica aqui comigo a missão de reconstruir o que foi perdido!
Um abraço com carinho e solidariedade!
Reconstrução...missão contínua e renovável, Tatiana.
ResponderExcluirAbraço carinhoso.
"...não há desejo sem o sentimento ou pressentimento da falta..."
ResponderExcluirÉ quase uma maldição, um vaticínio que lançamos sobre nossa própria felicidade. Medo... um algoz que carregamos dentro do peito.
Beijo.
É preciso ir além do medo, para que a felicidade aconteça mais cedo, Caroline. Bj.
ResponderExcluirPai, se seguirmos as orientações e explanações desse complexo diálogo de almas, da compreensão dos atos que o corpo não cala, mas que, por vezes, a gente não quer enxergar (talvez pelo medo de se entregar às novas possibilidades), as trajetórias e órbitas serão mais lúdicas. Beijos da Lua
ResponderExcluirLinda e luminosa Lua, as novas possibilidades são nada mais nada menos que a essência da vida...como um rio, que morreria se águas sempre novas não rolassem pelo seu eito. Beijos, filha.
ResponderExcluirSaturno representa o que temos de levar a sério, o peso da existência, o concreto, o material, o que precisamos respeitar.
ResponderExcluirVênus é a imagem do que sentimos, como amamos, o quê amamos. A atração, a beleza, a suavidade.
Precisamos assegurar o nosso sustento e atravessar os desertos, cuidar das feridas, juntar os cacos.
Mas o nosso eterno sonho de aconchego, de amparo e colo nos faz buscar o amor, o encontro com o outro.
Prazer e dor às vezes se confundem em tortuosos passos.
Para alcançar o que desejamos às vezes nos oferecemos a doces torturas.
Os jogos adultos nos fragmentam e deixam aos pedaços.
Mas só o próprio sujeito pode recolher seus estilhaços e reinventar-se!
As minhas lacunas só eu posso preencher.
Manter a minha criança interior me resguarda da perda do que tenho de melhor.
Os descaminhos nos levam a nos afastar da nossa natureza.
A escolha é solitariamente individual.
Somos responsáveis pelas nossas escolhas.
O traçado da travessia faz toda a diferença.
Por isso vivo com intensidade as perdas, o luto, os danos até o mais fundo.
Experimento a minha fragilidade na sua expressão absoluta.
Porém quando volto à tona, ressurgida das cinzas,
me revigoro e renasço como Fênix do fogo!
Escolhas não caem como folhas no outono. Escolhas não vêm do céu, não podem ficar ao léu. Prazer e desprazer estarão sempre juntos, como o Sol e a Lua...compartilham o espaço, cada um no seu compasso. Sem dor não haverá o gozo, reafirmado pela superação da angústia.
ResponderExcluirAtravessemos o deserto, juntemos os cacos, cuidemos das feridas, reinventemos o desejo, tantas e tantas vezes, para que fique do tamanho de nossa coragem...é a vantagem de acreditar!!