quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O que soa

Sou só o Sol que suo

Sou o solo que uso


Sou soul por onde vou


So sorry, sul


Mas não perdi o norte que também sou 


Sou meu voo e a vontade que não passou

domingo, 20 de janeiro de 2013

Diálogo

Ontem, eu me vi diferente
Deixei de lado os espelhos e me olhei de frente
Nem herói nem covarde
Para ser um desses, já era tarde
Muita comida voraz 
E meu apetite era por algo a mais
Limites são fronteiras da liberdade
Para que seu território seja livre de verdade
Silêncio profundo entre o sagrado e o profano
Mas o diálogo é possível, se não me engano


sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A mosca

A mosca insistia em chamar minha atenção

Por todos os meios, tentei afugentá-la e ela nem aí

Asas tão pequenas e gigantesca persistência

Eu que admiro o que voa, será mosca a exceção?

Ela simplesmente ignora ser rejeitada. Então, eu decidi

Se ela pode voar, eu também poderei. Paciência
!

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

ficantes

De vez em quando, "fico" com a normalidade

Nada sério nem duradouro


Namorá-la? Nem pensar, seria uma fatalidade


Se ela é prata, minha loucura é ouro

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

sina

Minha sina é ser tão
Tanto em quase tudo
Mas por que sempre falta, então?
O querer é um escudo?


azulejos

Nós não temos razão em excesso
Intuímos nossos motivos e desejos
Se tento entender, eu tropeço
O azul está em muitos lugares, além dos azulejos

sábado, 12 de janeiro de 2013

ainda?

Um diálogo sem interjeições, sem impasses nem passes de mágica...
ainda é um diálogo?

Um caminho sem bifurcações, sem atalhos nem retalhos de outros caminhos...
ainda é um caminho?

Uma partida de futebol sem dramaticidade, sem mobilizar toda a cidade, sem eletricidade...
ainda é uma partida de futebol?

Uma vida sem avidez, sem ambicionar o dez, mesmo com tanto revés...
ainda é vida?

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

gênese

Se pensamentos erram a direção,
como eles eram antes do que são?

Se sentimentos berram sem discrição,
o que eles disseram antes da paixão?

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Caras, mais caras e máscaras


Alguma besteira está prestes a ser consumada
Florestas sendo dizimadas, derrubada ou afogada a flora
Estrelas se apagando na fumaça da queimada
A vida acuada, fugindo, indo embora

Impostos são impostos goela abaixo
Mentiras são vendidas em horário nobre
Bom senso não está na moda, virou capacho
Pobre que consome não é mais pobre

Se o salário é curto,
divide, compra fiado
Consumismo é um surto
Um tesão desconfiado

Calor que derrete a cuca
De repente, apagão
O que fazer? Que sinuca!
Soluço grande não é solução

A casa mais vigiada
não tem valor, só poder
Muitas bundas de fora e mais nada
O produto delas é que se quer vender

Mas o carnaval está nas bocas
Quase tudo acaba em samba, é sempre assim
Para que as cabeças não permaneçam ocas
Haja máscara de Joaquim

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

É preciso...

É preciso 
pulsar,
balançar,
rodopiar,
embriagar-se de tanto ar

É preciso
não ter,
romper,
desprender-se, 

para não se perder no próprio ser

Babel


Dois fornos fornicando
Uma geladeira, com a inveja quase congelada, sussurra:
até quando, até quando?


Algas em algazarra
desamarrando-se na marra

Livros se livrando
de um censor vândalo

Colibris calibrados
Brigados ou embriagados

Egos cegos
Loucos por pregos

Um deus ateu
negando o que prometeu

domingo, 6 de janeiro de 2013

impagável

Dei um jeito nos naufrágios, sem rejeitar o mar
Pulei capítulos, sem capitular
Odiei os ágios, sem adiar o amar
Escalei meus medos até o ponto culminante
Diante do cume, vi o que nunca vira
Eu me vendo
E gritei: eu não me vendo

sábado, 5 de janeiro de 2013

Trajeto

Se não puder ter todo o céu,

que seja uma estrela inteira


Quero todo o trajeto com sabor de sal e mel


Uma após outra, como se fora a primeira

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Crime impossível

Se a vontade em ti jaz
O que queres? Tanto faz

Mas tamanha indiferença
chega a ser uma ofensa
ao princípio do prazer
É desistir de alguma coisa,
sem deixar acontecer

Como ao desejo renunciar,
se há desejo de não desejar?