domingo, 30 de dezembro de 2012

Semente

Não quero pensar a quilo
Quero aquilo que não se pesa
O estilo que não represa
A prece que não se reza
Somente a pressa que se preze
A semente que não se meça
Antes que comece o apesar

termais

Poderíamos dar-nos por satisfeitos
Qual o que!
Não fomos feitos para isso

Se estivermos no paraíso,
buscaremos lugar melhor
Queremos sempre mais
Abdicamos de todos os ais
Não somos os normais,
mas hormonais
Nossos corpos e almas são termais
É disso que precisam: ter mais !
Por isso, perdemos o juízo
E perderemos, o quanto for preciso
Até onde o desvario for capaz

Ao tempo

Dois mil e doze está todo desarrumado em mim.
Caixas de lembranças espalhadas por todo canto.
Fotos sem legendas, textos sem imagens, fendas
existenciais, por onde se infiltraram perplexidades
de todas as idades. Tantas necessidades misturadas
em minhas retinas...belezas repentinas e feiuras
cretinas, numa ciranda maluca, a ponto de quase
a cuca pirar. 
E o tal do efeito estufa, que faz até a mufa transpirar.
Avenidas de conjecturas, que voam como aves
migratórias. Idas e vindas de orações e oratórias,
muitas e muitas histórias.
As curvas da vida que levaram o arquiteto são as
mesmas que trazem tantas promessas, dessas que a gente faz e ouve.
Suco de couve faz bem, mas o que houve com 
com tudo aquilo que não fazia mal? 
É estranho sentir saudade do contato com o jornal? 
Eu, que tanto gosto de cadeiras esparramadas na
calçada, ocupadas por muitas pessoas desocupadas 
de tudo que não importa.
Como é gostoso bater de porta em porta e encontrá-las
sensualmente abertas, como certas caras e cabeças!
Bom à beça!
De toda maneira, até segunda-feira, poderemos conceber uma loucura inteira, que caiba entre doze e treze.
Sem que o tempo saiba, pois ele não foi convidado,
ocupemos todas as suas frestas e não nos culpemos
por todas as festas que fizemos e faremos em seu louvor.


quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Dois pés e um caminho

Um amigo me perguntou por onde deveria ir.
O certo ou o duvidoso?
O oásis ou a miragem?
O antigo ou o novo?
O chão ou a paixão?

Digo que somente ele saberá as respostas.
O melhor caminho talvez seja o que faz o coração do caminhante sorrir.
Mas não há certeza de que seja recebida a carta que se posta.
No jogo da vida, não há certeza em nenhuma aposta.
Ser covarde com o que arde exige muita coragem.
Para poder ter é preciso ter menos poder.






segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Renovação

O primeiro passo, 
quando se tira o gesso
O sorriso de alívio,

quando cessa a dor
O gesto de perdão,
quando a mágoa eu esqueço
A virada de página,
seja lá como for
A gargalhada gostosa,
logo após o tropeço
Entulhos jogados fora,
para redescobrir espaços
Tudo, até mesmo esta vida
pode ser um recomeço
Um brinde ao amor,
com os melhores abraços

à beça

Você é
Não se esqueça
Ande com seus pés
Se aqueça
Sua vida é você
Dos pés à cabeça
Renove suas crenças
Pinte o sete
Erre, acerte
Seja à beça !

Teias

Uma gota de Sol (ou seria de chuva?)
lembra a rocha de que ela está viva
A tocha das utopias baldias está acesa
sobre a mesa, 
junto aos dados
Dardos se reviram no ar, 
junto a tudo que gira sem parar
Assim como eu e minha diva
Dádivas vãs 
Ávidas buscas sobre divãs
Teias ateando fogo só para iluminar





sábado, 22 de dezembro de 2012

tudo

Quero tempo para tudo. 
Quero tudo ao mesmo tempo.
Nada em meu território é pouco ou devagar. 
Divago sem parar, mas meu querer não é vago nem gago, ele sabe se pronunciar.
Preciso de oito outubros, sete setembros, dez dezembros e janeiros...tudo já!!
As correntezas nadam a meu favor.
Há imensuráveis profundezas em meu olhar.
Minhas mãos asfaltam as faltas, para mesmo nelas eu poder trafegar.
Minha alma não ofega, não se nega, esfrega os olhos para não adormecer.
Acaricio meu cio infinito, meu vício de ser e crescer.
Anseio por cumplicidade, pelo seio da intensidade.
Busco vontades que não silenciem, que chamem a desvairada chama da insaciedade.
Saboreio a presença com sabor de menta, refrescante.
E a silhueta que cante naturalmente.
E a mente que não minta, que esteja sempre faminta de liberdade.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

De dogmas, âncoras e tentações


Dogmas? De dog eu gosto, mas...mantenho a cabeça aberta
para que, na hora certa, a convidada possa entrar. O nome dela? Liberdade.


Âncora? No máximo, por uma hora, só para propiciar um bom mergulho.

Soprar as velas da irreverência, estufá-las para que ventos possam beijá-la,
possui-la, até que ela fuja da fugaz saciedade.
Deixar a alma submersa em oceanos iluminados, por anos-luz. Fotografar com 

o olhar a beleza que se mostra sem frescura. Saborear a pele escura da noite. 
Seguir suas trilhas, por milhas e milhas. Nadar até cada uma de suas ilhas, só para descobrir que nelas não há nada, além de tudo que se levou nas braçadas: distâncias abraçadas ao prazer...de tentar até cansar e descansar um pouquinho, para mais tentar...

A irresistível tentação !

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

vai e vem

Vai, que eu te convenço 

Mesmo que eu leve horas


De que existe um céu imenso


com estrelas para cavalgar sem esporas



Vem, que eu te enfeito


de luares que colhera na noite mais que perfeita


Um laço difícil de ser desfeito


Mas isso a gente aceita

Noir

O que se esconde em teu olhar deserto?

Diz pra mim por onde eu devo entrar


A dor antiga tem destino incerto


O que te faz viver é que me tira o ar!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Se você tiver nas mãos verões e primaveras
Se você nutrir desejos sãos (que desconhecem saciedade)
Se em você houver avenidas e vielas
Se você souber onde acampa a liberdade

Se você quiser andar fora dos trilhos
Se você entender a linguagem de uma flor
Se você acreditar em sonhos maltrapilhos
Só você pode ser o meu amor

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Colateral

Não quer se apaixonar?
Então, é simples...
Fuja das noites enluaradas,
de conversa inteligente...
Finja que não sente
o olhar embaraçado com desejo
Disfarce com algum gracejo...
e tente seguir adiante


Se preferir tratamento de choque,
é infalível: evite gente
Se não funcionar
e isso for alarmante,
acione o alarme
Mas nada de charme!
Chame um taxi...
e tente seguir adiante

Se não der mais que um passo,
não perca a calma
Existe um remédio chamado alma,
que deve estar sempre à mão
Se não sentir seus pés no chão,
é apenas um efeito colateral
Tolere, pois não faz mal
Pode seguir adiante

Saga

Não é no meio que caminho

Faço arte sem fazer ninho


Não como pela beirada


Queimo a língua no frio da madrugada

domingo, 9 de dezembro de 2012

compromissos e compromísseis

Se tenho um motivo?
Mas nem é preciso

Alguns compromissos
são compromísseis

Desprezo os crivos
Prefiro os incríveis

sábado, 8 de dezembro de 2012

sem título

Mesmo que faça muito frio
Por dentro e por fora
Mesmo que todo mundo vá embora

Não soltarei a sua mão

Se a luz apagar
E você não enxergar um palmo além do nariz
Ainda que tudo fique por um triz
Não soltarei a sua mão

Pode ser muito tarde
Ou se for cedo demais
Encontrarei um tempo, em meio a todos os temporais
E não soltarei a sua mão






sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

irreverência


O que me salva são os desvarios

Vários, arrebatando-me dos becos vazios


Salve a libertadora irreverência !


Descobrir-se a cada instante é a verdadeira ciência

dito e feito

Será que a gente tem peito para enfrentar as marés?
Será que a gente tem jeito para domar os medos,
para dobrar os preconceitos, como se esquinas fossem?
Será que a gente tem feito tudo que pode para realizar os sonhos?
Será que a gente tem sonhado tudo que pode para multiplicar os feitos?
Será que a gente se acode, se sacode, para superar defeitos?

Nós não somos como os outros, nós

não queremos pouco...
Nós não fomos com a Maria, que foi com as outras
E por isso nossa nave está chegando onde chegaram poucas,
pois temos a mania de ser nós mesmos.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Estímulo à resposta

Pequenas gotas d'água 
escorrem de teus cabelos
e acariciam teu colo 
e meus pelos


Uma brisa suave invade tua blusa 
e revela, à luz da vela, 
o que não usas


Tua pele ao estímulo responde

e conduz meu pensamento
nem sei mais para onde