domingo, 19 de fevereiro de 2017

"Eu não sou seu negro"

O esplêndido documentário "Eu não sou seu negro" foi feito para negros e não negros. 
Mira no coração e na consciência de todos que se negam a aceitar atitudes parvas, que derramaram e ainda derramam a lama vergonhosa da discriminação em razão da cor da pele. 
A narrativa (nada entediante) apresenta e leva adiante as reflexões mais agudas acerca do racismo. A desigualdade de oportunidades, o ódio cego e canhestro, a violência absurda e deplorável praticada por mentes doentias, que perderam o trem da História e desembarcaram na estação das trevas e da indigência emocional.
Ao final da sessão, compreendi que levantar e ir embora seria injusto e incompatível com o que a telona mostrara. Bati palmas, entusiasmadamente. E o gesto foi repetido por quase todos que lá estavam. Uma luz brilhou no escuro da sala.
Homenagem singela aos que dedicaram a vida (e a morte) à causa dos Direitos Humanos!!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Mais nada

Desde que nasci, insistiram que eu deveria ser isso ou aquilo. 
Militar, jogador de futebol. Desde o princípio e por princípios,
divergi.
Fazia questão de mudar a qualquer instante. Tudo dependia 
apenas dos meus instintos. E eles tinham a voz dos trovões,
a pele das nuvens, voavam como águias e repousavam como
os oceanos.
Decorei minha cabeça com cabelos indisciplinados, à imagem
dos meus pensamentos, tão fantasiosos quanto as realidades
que me ofereciam, em vão.
Corri, sem aprender. Perdi, antes de encontrar. Não cedi, pois
já era tarde. Ardi, crepitei, incendiei meu olhar. Essa era a
chama que me guiava. Mais nada!