sexta-feira, 29 de junho de 2012

Sua

Sua inspiração excita minha respiração
Sua respiração incita minha transpiração
Sua transpiração recita minha imaginação
Sua imaginação exita...eis a piração
Sua, sua, sua, sua !!!

terça-feira, 26 de junho de 2012

Coleções

Ah! Os colecionadores de mentiras...nada lecionam, mas são hábeis em disseminar dores. Remédios que não curam, gente que não sente. Coleções pressupõem homogeneidade, o que me causa certos arrepios. Mas há quem não dê um pio diante da maledicência. Prefiro o heterogêneo, que me traz o oxigênio da diversidade, das nuances, das danças inusitadas, dos ritmos desenfreados. Rejeito o freio, o jeito feio de dominar, de amordaçar a originalidade, a alteridade. Halteres para a gentileza, hipertrofia para a sensibilidade. Realeza, apenas no sentido do que ouço e do que digo ser real. Falsidade me faz muito mal, é surreal.
Charlatão? Ao latão do esquecimento. Elogios fáceis, sem lastro emocional, merecem o caminho do arquivo morto. E anseio por vida, espontaneidade, pelas palavras que brotam do coração. Arre! Estou farto de mentiras esfarrapadas, esqueléticas bandeiras piratas, emoções expatriadas que erram e erram pelo deserto infinito do egoísmo. Que ferram quem nelas acredita. Ditadoras patéticas, sem ética nem estética. Pleiteio os erros sinceros, o fogo fátuo dos que não desistem de, ao menos, tentar. Longe de mim os tentáculos perigosos da hipocrisia. Quanta azia!!
Não tolero lero-lerismo e nem mesmo o lirismo sem alma. Não tenho calma diante do que não me vê, de quem me quer ter, como inerte peça de alguma esdrúxula coleção. Que lição eles terão de aprender?
Arranco as etiquetas das roupas e dos gestos, que não engulo, por indigestos.
Não sei para onde caminha a humanidade, mas não sentirei saudade de tudo que não me faz sonhar.


*comentário ao texto "A colecionadora de remédios e o hipócrita", no blog "O medo de Suzana", de Suzana Guimaraes.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

o mergulhador descompensado

O poeta conferiu o silêncio que o oceano esconde. A quietude feriu seus ouvidos urbanos há tantos anos. Ele tentou compensar, mas deu com os burros n'água. Sem bote para navegar, flutuou na imaginação. Imaginou-se uma ilha, cercada de água por todos os lados. E não havia sequer uma filha ao seu lado, nem que fosse a nado. Como pensar com a pressão do mar em cima? Como compensar diante da impressão de que não há clima? Em determinadas circunstâncias, não se pensa nem se compensa. A circunstância nos imprensa, nos apressa, por mais que a gente peça para a calma voltar. Tanta beleza por perto e o conflito de naturezas tão diversas trazendo um estranho aperto. Mas quase tudo tem conserto, não é verdade? Que tal um concerto de saudades desafinadas desafiando o mergulho amador?

seja lá como for

Quero que nossas almas corram lado a lado
Que elas sintam o sabor da nova relva

Quero que ouças o que sinto, quando eu estiver calado
Que o amor seja o rei, como o leão na selva

Quero sorrisos matreiros em nossas mãos
Que nossas bocas catem o tato bom do amor

Quero sonhos superlativos e irmãos
Que a gente sempre se encontre, seja lá como for



quinta-feira, 21 de junho de 2012

outra vez

É verdade que acreditei, que insisti, que adormeci chorando
Orando amanheci e aprendi: amarei outra vez
É verdade que cheguei muito cedo ou muito tarde

Arde a chama apagada mas, em plena madrugada, amarei outra vez
É verdade que fiz de menos, falei demais
Ais não resolvem e como se dissolvem, amarei outra vez
É verdade que rompi o acordo, interrompi a melodia
Dia desses decidi, vi melhor, ou melhor, senti: amarei outra vez
É verdade que forcei a barra, cobrei o troco
Oco ficou o mundo, mas ecoa lá no fundo: amarei outra vez

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Se liga

Ele soma, subtrai, multiplica e divide sua atenção.
Relaxa, atenua a tensão, esquece um pouco o celular.
Ele filma e fotografa sua necessidade de contato.
Com muito tato, largue um pouco o celular.
Ele recebe e envia torpedos, que naufragam sua visão periférica.
Abra o olho com seu celular.
Ele fica ligado vinte e quatro horas, até quando você está dormindo.
Se liga na vida e desliga um pouco o celular.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Você se lembra


Você se lembra? 
A rua, a cidade, o mundo... tudo parava quando a gente ia fundo
e pensava que era melhor agir do que pensar.
Você se lembra?
Nossa felicidade torrencial, secos para caminhar juntos no meio do temporal.
Você se lembra?
Pedaços de frases que nossa cumplicidade completava e a gente contemplava num movimento só.
Você se lembra?
Mágicas coincidências e travessas confidências sem vontade de acabar.
Você se lembra?
A lua e o desejo crescentes, feito dois adolescentes, a se apaixonar.

Há sóis





Há dia em que minha calma fica danada
É quando a espera adia e não me dá nada
Afinal, somos sós
Mas, ao final,...seremos sóis

segunda-feira, 18 de junho de 2012

O pássaro

Não quero a vida em doses homeopáticas, quero-a pelo gargalo, sem me engasgar.
Quero viajar sem malas, amolar minha cota de insensatez, de uma vez. 
Que seu corte afiado desate de mim o que é desconfiado. 

Serei meu próprio fiador, subirei sem elevador as encostas que vierem. 
Não darei as costas aos desafios, navegarei a braçadas todos os rios, abraçado a mim mesmo, para debelar o frio.
Escreverei poemas na areia, em noites de lua cheia. 

Esvaziarei minha mente, impertinentemente, abrindo espaço para meus novos passos. Aprenderei a desaprender, a não me repreender e a me perder dia afora, mata adentro, para que a vida se esqueça de ir embora e o pássaro ligeiro me dê alento.

cadê?

Eu te mostro minha alma em HD

E a tua, KD?

sexta-feira, 15 de junho de 2012

há lados


Já perceberam como racionamos? Só aprendemos a amar transitivamente. Quase furtivamente, nos furtamos a ampliar nossos rastros. Como astros desastrados, tememos dividir no afã de multiplicar. Afirmamos ser fãs do duradouro, praticando o provisório.
Já notaram como raciocinamos? Somos frequentemente lineares, nossas mentes respiram quase sempre os mesmos ares.
Malabares, malabares!!
Sejamos mais lúdicos, alucinadamente lúcidos, translúcidos.
E menos pudicos, menos recatados, menos atados.
Alados!
Aquilo que julgávamos faltar...sempre esteve ao nosso lado.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

O muro


Para construirmos um mundo melhor, precisamos do ridículo, da imperfeição, do erro.
Essa é a trilha das grandes descobertas, desde a roda. Se prevalecer o medo de ser ridículo, o mundo não roda. Boas vindas ao enxame de vexames, ao mais natural e libertário transbordamento de idéias e ideais. Panacéias não há, mas para ceias saborosas é preciso plantar, cultivar e mais tarde colher. Encolher a imaginação é atrofiar o desejo. Desejar o impossível é redefini-lo, esticando as utopias ao infinito.
Não precisamos escolher as palavras para expressar o que está na ponta da língua do coração. A melhor ação é a espontaneidade, em sua eterna juventude. Benditas as atitudes que não se atemorizam com altitudes. Altíssimo seja o sonho e seu poder curativo. O sonho, podem acreditar, é a brecha que a vida encontra para manifestar-se, para resistir à censura. É um chamamento à mais saudável loucura, a cura do escuro, a revelação do que sempre esteve do outro lado do muro.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

mais sãs



Sonhei um sonho estranho
Rostos límpidos com lâmpadas, feito sorrisos, a iluminar
Mãos acolhedoras como mães, colhendo pães e paz para doar

Sonhei um sonho estranho
Cidades com sons naturais
e sem mansões artificiais

Sonhei um sonho estranho
Manhãs com pecado original
Maçãs despudoradas no quintal

domingo, 10 de junho de 2012

audazes

Cautela desmedida cauteriza a imaginação
Tela só para pintar, não para cercar
Acerca da ousadia, boa para a noite e para o dia
Sensatez sem demasia, para não murchar a tez
Quem se lembra da vela que não acendia?
Velas acesas iluminam o vento e apostam corrida com o tempo
Almas audazes fazem as pazes com as feridas
São capazes de florescer sem cicatrizes...e se aventurar

sábado, 9 de junho de 2012

quasar

Deixei a vontade à vontade
Ela se sentiu bem melhor
Provei o dobro da metade
Suei o melhor suor

Entrei na sala de estar
Você não estava
Sua ausência é estranho quasar
Reflexo do olhar que você olhava

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Corpos baldios

Dois corpos decidiram abster-se um do outro. Não por esgotamento ou falta de atrativos, mas por outros motivos. Abstiveram-se do vício, do magnetismo irracional e instintivo. Renunciaram sem anúncio ao cio.
Abstinências assim são desistências que persistem. O que fazer com o suor que reconhecia outro suor? Que não quer mais sair dos poros, prefere homiziar-se nos porões de uma quietude inquieta, habitante de noites que despertam a qualquer momento, com os olhos vermelhos, de cansaço explícito e de paixão implícita, disfarçada de qualquer coisa mais palatável à vetusta razão.
Essa fome, essa sede são como a água, destituídas de aroma, de sabor, de cor. São incorpóreas, signatárias de um manifesto silencioso, um choro seco pela impresença do que as mantinha vivas.
Agora são apenas corpos, vazios um do outro. Corpos baldios, mais um pouco.

a m a r t e

Quero fazer arte,
pintar o sete,
pilotar uma nave
e navegar

Quero fazer parte,
redigir sem ponto,
estar pronto
e aprontar

Quero ir à Marte,
sem sair do chão,
lecionar no meio-fio
e desafiar

Quero chamar-te,
elevar-te,

levar-te...
a  m  a  r  t  e

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Labirinto

Mentira ou verdade?

A vida sempre surpreende


Às vezes ela prende a gente


num labirinto de liberdade

alta tensão

Há estradas em meu corpo

Marcas de ultrapassagens, 


freadas bruscas


Há escadas em meu corpo


Degraus em manutenção,


pela alta tensão de


buscas desenfreadas

Esquecer e perdoar


Desapegar e escolher
A leveza da inconsequência
Não se dá conta da confluência
Dos esquecimentos guardados
Em baús semiabertos
Dos ressentimentos encharcados
Que dormem nos frios desertos.
O quê queremos esquecer?
O quê precisamos perdoar?
Quantas emoções tentamos negar?
Pra quê ir embora
Se o quê desejamos é ficar?
A minha insônia é benfazeja!
Não quero a dor esconder!
Verdade deslavada.
Não há nada pra resolver.
Voz que não quer calar.
A janela da alma escancarada
Se é pra ser
Que assim seja!

Rio, 06 de junho de 2012.
Nathalia Leão Garcia

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Mais nada



Uma pilastra, dois olhos e um olhar
O êxtase esperando o anoitecer
Uma mesa, duas cadeiras e um bar
Como poderia desacontecer?

A conta paga, passos lentos para não chegar
Propaga a mente uma penca de pensamentos desatinados
Fome não digerida, despedida sugerida para poder ficar
A noite, a lua, os carros e os corpos embaralhados

A pilastra nua é só concreto
Aquela fome que eu sentia foi saciada
Felicidade não acontece por decreto
Noites, luas, carros, corpos...e mais nada

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Diariamente

Amor é palavra que salta do dicionário, é exercício diário
Tem iniciativa, é irreverente, gosta de bichos e gosta de gente
Não usa passaporte e nem é preciso porte de amor, pois amor não mata
Amor não é de morte nem questão de sorte
É de vida e não se paga dívida com amor
Amor acontece, tece sem criar teia
Amor é o melhor remédio, ele incendeia o tédio
Amor não se esquece, amor aquece e gera o mais fascinante calor

Vamos?


Conforto em demasia deixa o ânimo torto, com azia.
É tão bom lavar a camisa de suor para perceber que
que não é depois de passada que ela fica bem melhor.
A casa não deve ter cômodos em excesso. Acomodação demais
incomoda. Saudável o brotar do desejo de ganhar as ruas, exibindo vontades
completamente nuas, para então vesti-las de satisfação.
Presença reiterada amassa a saudade, até que não fique mais nada.
Certezas onipresentes calam o movimento, apagam o vento, estacionam a vida.
Verdades disparadas qual torpedos entorpecem o diálogo, são catálogos sem 
endereços nem apreço.
Tsunami verbal congestiona a audição, inibe a troca, torna todas as palavras iguais.
Proteção desmedida afugenta a ousadia, multiplica e agiganta os perigos.
Almas assépticas ficam caretas, amorfas, plastificadas. Que elas brinquem nos
temporais de surpresas, para que não sejam presas  fáceis para os predadores de
plantão.
Vamos então?

sexta-feira, 1 de junho de 2012

A fenda

Não me entenda,
sou fenda na razão
Não me aprenda,
sou livro sem lição
Não me prenda,
sou livre como todos são!

A normalidade

O que seriam pessoais normais?
Aquelas que chegam, vão e não voltam mais?
Que perguntam como vamos e não esperam a resposta?
As que dizem que romantismo não passa de uma bosta?

O que seria normalidade?
Apaixonar, sem amar, esquecendo rapidamente a saudade?
Acreditar que tem mil amizades, quase todas virtuais?
Se for assim mesmo, vinde a mim as anormais.