terça-feira, 26 de junho de 2012

Coleções

Ah! Os colecionadores de mentiras...nada lecionam, mas são hábeis em disseminar dores. Remédios que não curam, gente que não sente. Coleções pressupõem homogeneidade, o que me causa certos arrepios. Mas há quem não dê um pio diante da maledicência. Prefiro o heterogêneo, que me traz o oxigênio da diversidade, das nuances, das danças inusitadas, dos ritmos desenfreados. Rejeito o freio, o jeito feio de dominar, de amordaçar a originalidade, a alteridade. Halteres para a gentileza, hipertrofia para a sensibilidade. Realeza, apenas no sentido do que ouço e do que digo ser real. Falsidade me faz muito mal, é surreal.
Charlatão? Ao latão do esquecimento. Elogios fáceis, sem lastro emocional, merecem o caminho do arquivo morto. E anseio por vida, espontaneidade, pelas palavras que brotam do coração. Arre! Estou farto de mentiras esfarrapadas, esqueléticas bandeiras piratas, emoções expatriadas que erram e erram pelo deserto infinito do egoísmo. Que ferram quem nelas acredita. Ditadoras patéticas, sem ética nem estética. Pleiteio os erros sinceros, o fogo fátuo dos que não desistem de, ao menos, tentar. Longe de mim os tentáculos perigosos da hipocrisia. Quanta azia!!
Não tolero lero-lerismo e nem mesmo o lirismo sem alma. Não tenho calma diante do que não me vê, de quem me quer ter, como inerte peça de alguma esdrúxula coleção. Que lição eles terão de aprender?
Arranco as etiquetas das roupas e dos gestos, que não engulo, por indigestos.
Não sei para onde caminha a humanidade, mas não sentirei saudade de tudo que não me faz sonhar.


*comentário ao texto "A colecionadora de remédios e o hipócrita", no blog "O medo de Suzana", de Suzana Guimaraes.

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