quarta-feira, 30 de junho de 2010

resposta ao tempo

Agora, já é quase depois
muito tarde pra gente cansar
em sentido anti-horário, nós dois
não deixamos o tempo passar

para ti

Pra te ver sorrir


caço pipas e estrelas

onde caiam, só pra vê-las...

pra te ver sorrir



Pra te ver sorrir

cato ripas de madeira

queimo o frio na fogueira...

pra te ver sorrir



Pra te ver sorrir

calço nuvens bem macias

percebendo que dormias...

pra te ver sorrir



Pra te ver sorrir

calo tudo que não seja

ternura e gentileza...

pra te ver sorrir



Pra te ver sorrir

caibo em tua fantasia

faço amor e poesia...

pra te ver sorrir
 
 
ps: ei-la novamente, leia, novamente.

a mulher

Procura-se uma mulher
com brilho no olhar
e segredos vãos
melhor ainda se tiver
histórias pra contar
e colhê-las com as mãos

mergulho livre

Acordei abraçado em devaneios
e ao nevoeiro que invadiu o quarto.
No escuro, há que andar por outros meios,
buscando a luz, revivendo o parto.

Ancorei, atracado entre teus seios,
e mergulhei, sem máscara, em teu eito.
Vasculhei os teus desvãos, sem preconceitos,
sem me importar com o que é esquerdo...
e o que é direito.

terça-feira, 29 de junho de 2010

a nudez do desejo

A nudez da amada que dorme
faz tremer as paredes do quarto
altivez danada, que entorne
meu desejo em teu sono ingrato

Que o tempo adormeça contigo
e a calma me faça o favor
de abandonar meu instinto contíguo
ao fascínio, ao afeto, ao amor

cio da alma

Repare na pétala da utopia
releve a dor que escorregou
esqueça o frio que fazia
no acaso do encontro, quando acabou

Supere toda a monotonia
eleve a confiança que regou
aqueça o cio da alma, que anuncia:
o ocaso da tristeza só começou

la question

Você acredita em paixão virtual?
Sentimento verdadeiro ou só ritual?
Pode-se apaixonar pelos versos?
Poeta e poesia (um só ou controversos?)

outrem

Alvorecer em minha pele
mistura de hoje e de ontem
algo que instiga, algo que repele
descubro, em mim, o que já foi de outrem

Histórias, segredos mal desvendados
memórias de medos...olhos vendados...
Mas quando teus seios despertam no escuro
receios, em fuga, pulam o muro

segunda-feira, 28 de junho de 2010

lua cheia

Nesta vida (e,creio, em nenhuma outra), 
não há lugar para meias verdades, 
para sentimentos pela metade, olhares fracionados, 
intenções despedaçadas, amores em pedaços.
Se a Lua é crescente, se sentamos no meio-fio, se calçamos a meia, 

até mesmo se damos meia volta, ainda assim, é porque estamos inteiros,
íntegros, completamente fascinados pelo encanto da existência,

por todos os lados, poros, aos pares.
De janeiro a dezembro,
mais uma vez, eu te lembro,
o convite à vida!!

mar de mim

Daqui a pouco
perderei o juízo,
aqui, há pouco,
achei-me e aviso
em mim, sou inteiro
mas eu me divido
em barco e barqueiro
e navego comigo

ainda há tempo

Felicidade à prazo ou à vista?
Há quem troque liberdade por "conforto"
mas assim, com aspas, bem malabarista,
cheio de equilíbrio...e quase morto!

essência

Amo, de segunda a domingo,
sinto, sem intervalo comercial,
pulsa em mim, acordado ou dormindo,
fome e sede de viver,  sem igual

Eu mergulho, não importa o perigo,
e me dôo, sem medir a consequência,
e, ainda que não tenha conseguido,
não desisto, me refaço, é minha essência.

domingo, 27 de junho de 2010

tear

Nosso amor foi tecido artesanalmente,
fibra após fibra, foi ganhando forma e cor
Pensando em ti, eu sinto, de repente,
banhar-me o corpo o prazer, feito suor.

Dos mais caros sonhos, és a posseira
e, de ti, jamais roubarão esse chão.
Fizeste de fragmentos, uma esperança inteira,
resgatando energia de cada fração.

Mas, claro, nada se perdeu,
pois nossa magia pulsa no espaço.
És o universo, o universo sou eu,
irmã das estrelas, docemente te abraço.

amor em 3D

Antes de ver o que soa,
ouvi a alma que quer.
Eu toquei teu relevo, um toque que voa,
pé ante pé.

Trocas a tela pelo presente da vida?
A caixa se abrindo...
o laço de afeto, a verdade distraída
tudo se encaixa...que lindo!!

A criança encantada...amor em 3D....
meus braços em ti...
meus passos, senti...
já vão te buscar...
e te entregar...
pra você!

ps: republico, em homenagem à uma pessoa muito especial.

mantra dominical

Não basta dizer, vezes tantas,
palavras o vento dispersa,
repetir palavras, feito mantras,
esquecendo o começo da conversa.

Guardar o melhor do dia pro final,
desde o início, sempre foi o meu jeito
de extrair melodia sem igual
do teu corpo, instrumento mais perfeito.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

a vida é viva

Ávida vida, já.
Não se trata de imediatismo,
nem pragmatismo, mas obter a cumplicidade do tempo.
Trata-se de um chamamento ao hoje, sentir o cheiro da chuva, enquanto chove,
o calor dos primeiros raios de Sol, em manhãs de qualquer estação,
ser recriança, a qualquer momento, beber lágrimas
(de alegria ou de tristeza), sem censura, cometer "loucuras", refazer planos
(que não tiverem rostos), desfazer-se de planos (que estiverem rotos),
desfalecer de prazer (seja qual for), chegar a muitos lugares, por caminhos outros,
voltar a estudar, estudar a volta, viajar para dentro e para fora, desligar o celular,
cantar debaixo do chuveiro, pular o carnaval, em janeiro,
amar e dar vexame, pois não há vexame maior que não amar.

Há vida, já.
Ler, novamente, o mesmo livro, surpreender-se com idéias que
passaram batidas, não terceirizar as frustrações sofridas, dando uma
chance a si mesmo (e ao outro), acreditar mais na humanidade,
tratar da angústia, com serenidade (mesmo que pareça impossível) ,
plantar uma esperança novinha em folha,
subir numa árvore, todo arrumado, rir de si mesmo.

Há vida após a vida?

A vida está viva, agora, já. A sabedoria está no óbvio, no simples, na magia de tentar.

só pra não perder o gosto

Se, mais tarde,
o tempo escapar-me das mãos,
já será tarde demais.

Se amanhã, ao primeiro acorde do sol,
não despertar ao teu lado,
já será manhã demais.

Se, depois de tudo,
sentir que nada ficou comigo,
já será tudo,
nada mais.

Se, depois da vida,
persistir em mim
o que jamais morreu,
já não será possível
perder-te mais.

até breve

Viajo agora...
voltarei no domingo
Os versos estarão comigo, lá fora
mas a saudade de vocês...estarei sentindo

quinta-feira, 24 de junho de 2010

para ti

Pra te ver sorrir
caço pipas e estrelas
onde caiam, só pra vê-las...
pra te ver sorrir

Pra te ver sorrir
cato ripas de madeira
queimo o frio na fogueira...
pra te ver sorrir

Pra te ver sorrir
calço nuvens bem macias
percebendo que dormias...
pra te ver sorrir

Pra te ver sorrir
calo tudo que não seja
ternura e gentileza...
pra te ver sorrir

Pra te ver sorrir
caibo em tua fantasia
faço amor e poesia...
pra te ver sorrir

carícia essencial

Este livre pensador dedica a vocês,
amantes da poesia, a eternidade deste momento,
expressando minha imensa gratidão por todas
as palavras que aqui deixaram. Elas foram recebidas
e estão vivas, em mim.
Não imaginava que um blog fosse capaz de aproximar-me
de pessoas que, rapidamente, tornaram-se tão especiais.
Vocês me inspiram, com sua arte, coragem e
generosidade.
Muito obrigado por todo o carinho.
Vocês são a prova diária de que é possível viver com beleza
e acreditar no amor.
Sintam o meu abraço, em cada coração!

vertigem

Verte, verte,
deslisa em teu colo
verte e veste
vertigem no solo

Ver-te, ver-te
coberta de vida
ver-te verteres
suor e saliva

Ventre, ventre
curvas sem fim
ventre, invente
estradas em mim

teoria da dádiva

Nós falamos o dialeto da paixão.
Brincamos com os números, somos lúdicos, a meninice está em nós, 
no jeito de achar graça do que passaria desapercebido a olhos "adultos", 
treinados para não ver.
Nossa arquitetura  é leve, futurista, lança-se no espaço que ainda está sendo construído,
Já temos memória, a partir de tantas histórias a contar, alegrias para cantar, no almoço e no jantar.
Sei lá se são meses, dias, lembranças que transgridem a normalidade, a obviedade, a mesmice, para espreguiçar-se no quarto das surpresas, no quarto crescente, em 1/4 de 4 eternidades.
Brindemos, redesenhando a felicidade, feita de dedicação, criação e serenidade.
Parabéns para você, para mim, para os  tantos que há em nós (sonhos, desejos, tântricas esperanças).
Envio beijos ao vinho, sublimes, subliminares, superestelares.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

palavras náuticas

Suas palavras escorrem em meu corpo
sob a pele, sobre os olhos, em espiral
teus desejos beberam a água do copo
e há em mim uma sede impontual

Se procuro e não acho o teu rastro
meu instinto solta um grito colossal
no bote da paixão, sou o mastro
e as velas se acendem...vendaval

quase às três

Quatorze e cinquenta e nove
mais que duas, menos que três
há paixões que a razão remove
há razões que a paixão desfez

há vida inteira

Se, mais tarde,
o tempo escapar-me das mãos,
já será tarde demais.

Se amanhã, ao primeiro acorde do sol,
não despertar ao teu lado,
já será manhã demais.

Se, depois de tudo,
sentir que nada ficou comigo,
já será tudo,
nada mais.

Se, depois da vida,
persistir em mim
o que jamais morreu,
já não será possível
perder-te mais.

lá de longe

Não repare  nos silêncios,
cicatrizes das palavras,
não foi fácil contar histórias...
lá, de onde eu vim.

Não repare nas palavras,
hemorragia de desejos,
não foi fácil calar instintos...
lá, de onde eu vim.

Nã repare nos desejos,
vizinhos da loucura,
não foi fácil estancar os medos...
lá, de onde eu vim.

Não repare na loucura,
amante da razão,
não foi fácil remendar os sonhos...
lá, de onde eu vim.

Não repare nas razões,
que eu tenho pra te amar,
não foi fácil resgatar a vida...
lá, de onde eu vim.

reencontro

Esteja onde eu estiver,

eu ardo, eu tardo, mas vou
ao encontro daquela mulher
e me encontro com tudo que sou...

entre aspas

As palavras me beijam,
me envolvem, me queimam,
aspas, da lavra que sejam,
ensejam novas palavras

terça-feira, 22 de junho de 2010

o tempo parou

Vinte e duas e trinta
o tempo parou na porta do quarto
Fiz-te dunas de tinta
transformadas em versos, atrás do retrato

Teu sorriso tocou
meu desejo sem sono
o inverno acabou
e voltou o outono

eternidade

Na ilha, tão grande, pequeninos os teus medos
ondas quebravam em nossa cama
eu juntava os pedaços de segredos
antes de acender a chama

Foi na rede, não esqueço
que juraste eternidade
mas o tempo, num tropeço,
esqueceu da validade

Escrevi na areia, não me importa se apagar:
sobrevivi aos naufrágios,
sem perder o amor ao mar

quanticamente

Dizem que sou romântico...
elogio ou desdém?
lanço um olhar quântico,
desconfio e vou além

Quero tanto, tanto, tanto... 
que persisto, até morrer
e, para grande espanto,
não desisto de querer

Eu convido, de verdade
e espero que aconteça
se você tiver vontade...
abra os olhos...amanheça

por que?

Por que teria de encher meus dias
feito lixo jogado ao chão
se tuas noites são tão vazias
e tua boca diz tanto não?

Porque veria tua boca vazia
de ternura e de perdão
é que me lixo para a hipocrisia
ainda que tarde, bato o portão.

amor em 3D

Antes de ver o que soa,
ouvi a alma que quer.
Eu toquei teu relevo, um toque que voa,
pé ante pé.

Trocas a tela pelo presente da vida?
A caixa se abrindo...
o laço de afeto, a verdade distraída
tudo se encaixa...que lindo!!

A criança encantada...amor em 3D....
meus braços em ti...
meus passos, senti...
já vão te buscar...
e te entregar...
pra você!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

sinto(nia)

Esperei,
quando a espera se esgueirava, clandestina
Esperei em cada olhar,
esperei em cada esquina.

Esperei acordado,
quando todos já dormiam,
esperei ancorado,
quando os barcos já partiam.

Esperei nas grutas,
nas insanas madrugadas,
esperei nas lutas,
nas entranhas das jornadas.

Esperei nos gritos
que o silêncio amordaçou,
esperei nos mitos
que a razão já desprezou.

Esperei sentado
contemplando a escuridão,
esperei cansado, enganando a solidão.

Esperei, de pé,
mal contendo a ansiedade,
esperei, até,
desaprendendo a ter saudade.

Esperei, de uma vez,
todo encanto e poesia,
esperei, talvez, o que não mais se espera,
hoje em dia.

Esperei, enfim,
e esperaria por mais vidas,
e ainda espero...
para lhe dar as boas vindas.

ps: poema que retorna, por vontade própria.

vascular

Colar de sílabas...
calor do paladar...
colar dos corpos suados...
testemunha ocular do que os olhos não viram...
oscular tua poesia...
decolar do teu ventre...
escolar fantasia...
descolar tua boca...
vasculhar...vasculhar

ps: transcrição (quase literal) de comentário que fiz no fascinante blog OutrosEncantos , a partir da primeira frase, que atiçou a sequência de pensamentos lúdicos, no desejo irrefreável de brincar com as palavras e seus significados íntimos.

um toque de humor

Tu tens dois nomes
e eu, um boné
De vez em quando, tu somes
qual a lua, nos braços da maré.

Eu tenho um telefone
e já tive, também, um boné
De ti, sei só o codinome,
a voz e que és mulher.

Mas já te vi, algum dia, me esqueço
feito meia guardada no pé
Afinal, para que serve o começo,
se tudo termina em boné?

nota de rodapé: esqueci um boné, que foi parar em outra cabeça, que ficou, transitoriamente, no lugar do boné.

menta(lidade)

Saudade é falta ou presença?
Falta da presença...presença da falta...
Amor que chora, por dor ou desavença,
Pintor, que precisa da tinta...
olhos baixos...noite alta

Ciúme é demasia ou ausência?
Posse em demasia...
confiança que se ausenta?
Amor não é ciência...
é tosse, é dia a dia...
é temor, é suor... e menta.

domingo, 20 de junho de 2010

as luzes da cidade

  
  Você vestiu meu corpo com o seu sorriso e com a seiva de seu desejo.
  Você me  brindou com   flagrâncias tão diversas, que me embriaguei de você.
  Mas seguimos procurando o "nosso rumo". E nos reencontramos, pertinho do mar.
  E a cidade acendeu-se, fulgurante, como nunca. As canções das ondas ficaram
  ao fundo porque, do fundo de cada um de nós, vieram outros cânticos. Foi
  tanta mansidão, parecia que a vida encostara a cabeça em nossos ombros e
  sonhara acordada, encantada, sob o efeito catártico de nossos olhares
  cúmplices.
  Aquela lua imensa, de uma brancura impossível, era um convite a loucuras
  deliciosas e aceitamos a oferenda.
  Nosso caminhar natural pelas calçadas, de corações descalços, a visão das portarias,
  dos prédios - inestéticas, assépticas, diversas, os quadros que admiramos, ao longe, os
  contrastes que vislumbramos, de perto.
  A manhã trouxe frutas saborosas, a visão de um azul sem fim, talvez,
  influenciado pelos nossos murmúrios de satisfação e cumplicidade.
  Você tem o dom de fazer acontecer uma vida, tem luz para dar e dela
  tenho me servido, para iluminar meus pensamentos.
  Amor, vem me tirar o cinto, amor vem me botar na vida... (sem aspas, pois
  não está literalmente reproduzida a letra, apenas o sentido...e temos, ao
  menos, cinco deles, para nos tocar, sem nos trocar, jamais).
  Cheguei em casa com frutas, mares, luas, néctares do prazer, olhares, confissões e
  promessas espalhados por mim.
  E agora? Só podia, mesmo, entregar a você o sumo de uma saudade e uma
  vontade sumamente declarada.
  Boa noite!
  Beijos enluarados.

sábado, 19 de junho de 2010

ávida vida

Ávida vida, já.
Não se trata de imediatismo,
nem pragmatismo, mas obter a cumplicidade do tempo.
Trata-se de um chamamento ao hoje, sentir o cheiro da chuva, enquanto chove,
o calor dos primeiros raios de Sol, em manhãs de qualquer estação,
ser recriança, a qualquer momento, beber lágrimas
(de alegria ou de tristeza), sem censura, cometer "loucuras", refazer planos
(que não tiverem rostos), desfazer-se de planos (que estiverem rotos),
desfalecer de prazer (seja qual for), chegar a muitos lugares, por caminhos outros,
voltar a estudar, estudar a volta, viajar para dentro e para fora, desligar o celular,
cantar debaixo do chuveiro, pular o carnaval, em janeiro,
amar e dar vexame, pois não há vexame maior que não amar.

Há vida, já.
Ler, novamente, o mesmo livro, surpreender-se com idéias que
passaram batidas, não terceirizar as frustrações sofridas, dando uma
chance a si mesmo (e ao outro), acreditar mais na humanidade,
tratar da angústia, com serenidade (mesmo que pareça impossível) ,
plantar uma esperança novinha em folha,
subir numa árvore, todo arrumado, rir de si mesmo.

Há vida após a vida?

A vida está viva, agora, já. A sabedoria está no óbvio, no simples, na magia de tentar.

sem (ou cem) motivos

Andar andei. Ah! como eu andei.
Percorri lugares pouco povoados, trilhei trilhas e trilhos desativados,
contemplei templos desertos,
mas orei, por horas a fio, equilibrei-me, no fio da navalha,
sem corte para bajular-me, sem corte, para machucar-me. Musiquei minhas ilusões,
iludi meus corações, múltiplos assim mesmo, por tantas razões (e desrazões).
Neguei, pequei, peguei minhas mãos e busquei, em vão, por aquilo que as fez tremer,
suar, mudar de mãos.
Fitei a impaciência, pacientemente. Sorri para a dor, ardorosamente.
Percebi que a indiferença é diferente, só mente.
Mas, principalmente, restou uma ausência, que preenche meu silêncio, somente.

ps: essas palavras visitaram-me, ao som de Streets of Philadelphia, Hotel California,
Your Song e Falando de amor.

velha infância

Quero despencar em teus sorrisos repentinos,
retornar, em desejos vespertinos,
povoar o princípio da madrugada

Trocar reticência por reentrância,
acordar o meu sonho da infância
abraçar teus temores...e mais nada

será?

Será que a gente tem peito para enfrentar as marés?
Será que a gente tem jeito para domar os medos, dobrar os preconceitos?
Será que a gente tem feito tudo que pode, para realizar os sonhos?
Será que a gente tem sonhado tudo que explode, para multiplicar os feitos?
Será que a gente se acode, se sacode, para superar defeitos?
Nós não somos como os outros, nós não queremos pouco...
nós não fomos com a maria, que foi com as outras,
e, por isso, nossa nave está chegando onde chegaram poucas,
pois temos a mania de ser nós mesmos.
Não sei se é preciso mais do que dois meses,
já falei, já senti, já pedi milhões de vezes,
que Deus mantenha em nós o nosso jeito.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

amor por inteiro

Teu ar de menina,
com fita no cabelo,
tira meu sono

Teu afago me nina,
flores nascem, no espelho,
em pleno outono

Não precisa temer,

que eu te faço tremer,
de outra maneira


Quando a alma doer
e o amor não vier
na forma primeira

Não precisa sofrer
nem mais nada  dizer

te amarei, num abraço,
a noite inteira

ne me quitte pas

Quando eu olho meu desejo
desejando o que não há,
sei a lágrima, ao invés do beijo,
e meu sorriso, onde é que está?


Troquei teu nome,
tantas vezes,
te chamando, sem chamar
minha voz quase some
sussurrando, há meses...
oh! meu amor:
ne me quitte pas

a arte de escutar

Ouvir...é quase ver...
o som da lágrima, no último andar...
ouvir com os olhos...é perceber...
é pressentir...aconchegar...

Ouvir, com calma ...é quase ler...
o som da frase, que vai chegar...
ouvir, apenas, sem compreender...
é só ouvir, não escutar...

quinta-feira, 17 de junho de 2010

on the road

Em minha boca, perdão e desejo,
em meu olhar, segredos que desconheço,
em minha roupa, rastros do teu beijo,
em meu caminho, mapas pelo avesso.

pressentimento

Quando o sol se puser e os homens calarem
tudo será noite e fim,
não gritarei por mim,
pois só restará minha ausência.

As árvores, com seu brilho e teias,
neblina do mistério,
serão meu mar.

O inconsciente transborda
sem aviso, nem chamado
e tudo se perde, junto a mim.

Vou adiante,
inerte como as multidões,
cantando a morte de todos os olhares negados,
correndo atrás de pássaros,
qual gato selvagem.

A lua não é mais Lua
e, para lá do outro lado que não se vê,
encontro-me e desperto
na transparência de uma rua vazia,
perdida pelos cantos dos olhos.

Sem pressa ou culpa,
sigo a trilha a cada instante,
levando, nas mãos,
luas, sóis e abismos.

É na escada que me encontro
vôo pela escuridão alada,
sou farol na tempestade.

Passo a passo,
correndo, vou para lá,
universo subterrâneo
de vidas e morros que se perdem de vista.

E me desdobro,
clareio
e viro o vento,
uivo de todos os tempos. 
 
nota de rodapé: relato de um sonho, desses que a gente sonha, sem saber que é.
 
 

dual

Cortinas ou descortínio?

Rotina ou fascínio?
Emoção ou raciocínio?
Posse ou domínio?

Sensatez ou desatino?
Amar você é meu destino?

controVERSOS

Tu queres P  A  Z
Eu quero Z  A  P
Tua paz é remédio
Meu zap é antídoto ao tédio

Queres silêncio no escuro
Quero ousadias, pulando o muro
Queres que os teus te absolvam
Quero que minhas culpas se dissolvam

Querias tanto, mas tanto faz
Quero, entanto, o que em teu pranto jaz
Mas é bem simples, pensando bem
Queres três letrinhas e eu...também!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

(c)alma

Quero amar sem amarras
extrair da alma algazarras
e te saber de cor

Quero amar como amaras
sem trair a calma que sonharas
para te amar melhor

(im)presença

Saudade, sem maldade
saudade com presença...
saudade da saudade
saudade de quem pensa...
saudade é maldade
na saudade sem presença...
saudade é só saudade
é só saudade de quem pensa!

terça-feira, 15 de junho de 2010

tear

Nosso amor foi tecido artesanalmente,
fibra após fibra, foi ganhando forma e cor
Pensando em ti, eu sinto, de repente,
banhar-me o corpo o prazer, feito suor.

Dos mais caros sonhos, és a posseira
e, de ti, jamais roubarão esse chão.
Fizeste de fragmentos, uma esperança inteira,
resgatando energia de cada fração.

Mas, claro, nada se perdeu,
pois nossa magia pulsa no espaço.
És o universo, o universo sou eu,
irmã das estrelas, docemente te abraço.

a céu aberto

Eu te quis eterna confidente
das mãos que caminham desertas.
Cada partida faz sangrar,
deixando as veias abertas.

teorema

Quero o que não quis
inventar caminhos, dobrar esquinas
mas, se as dobrar, como prosseguir?

segunda-feira, 14 de junho de 2010

sentido da vida

Estrada...verde...chuva e sol
Nós engolindo quilômetros e horas, sem perceber
 Estrada...azul...rouxinol
 Voz entoando odes ao amanhecer

 Nove e dez, dois mil
 Um deles quer prosseguir, outro chegar
 Entre março e maio...abril
 Em BH, não há mar, mas luar e amar e amar e amar.
 Mesa cheia de gente,
 olhares acesos, histórias que se contam, que se tocam,
que molham os olhos,
 que brilham na noite.
 O lugar não era, mais, ali, mas toda parte,
não havia tempo, era sempre, não
 cabia mais ninguém, éramos todos.
 Subitamente, subiu à mente o clarão do mistério, 
palavras dando cambalhotas,
 achando graça das emoções que se amontoavam 
na porta do coração, no céu da
 boca, na calada da noite eloquente.

 Não sei se era nove ou se era dez. O tempo parou,
na estrada, na entrada do
 templo, na virada do ano, na lufada do vento.
 Rostos que chegam, gostos que ficam, mesmo quando 
já se foi o rosto, pois o
 resto da vida tem gosto de eternidade.

 Não sei quando começou, só sinto que nunca acabará,
meu desejo em seu olhar,
 esse jeito nosso de reinventar o sentido da vida, 
de tornar tudo tão bonito,
 tão simples e...infinito.

acalanto

Eu me encolho, me recolho, eu me colho no teu colo.
Eu não meço, recomeço,  me arremesso no teu colo.
Eu termino, determino, tão menino...no teu colo.

o céu da tua boca

Minha jangada vai sair pro mar...
pois amanheci ao meu lado
e beijei a boca da paz.

Minha jangada vai sair pro mar...
pois beijei a paz do meu lado
e voei no céu da boca da manhã.

sábado, 12 de junho de 2010

à mercê...

O que faz seu amor feliz?
Contar vantagens ou contar estrelas?
O que eu faço, o que eu fiz?
Semear sorrisos, de mil maneiras.

Para a vida não ser insossa...
Mercedes Benz
ou Mercedes Sosa?

meia lua inteira

"Nesta vida (e , creio, em nenhuma outra), não há lugar para meias verdades, para sentimentos pela metade, olhares fracionados, intenções
despedaçadas, amores em pedaços.

Se a Lua é crescente, se sentamos no meio-fio, se calçamos a meia, até mesmo se damos meia volta, ainda assim, é porque estamos inteiros,
íntegros, completamente fascinados pelo encanto da existência, vista de baixo ou de cima, por todos os lados, poros, aos pares.

Portanto, é imprescindível decidir que vida se deseja viver"

hoje

Enamorar-se, a vida inteira,
por algo ou por alguém,

amar, de qualquer maneira,
amar, amar e amar...também!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

e aí?

O que você faz com a sua liberdade?
Brinca de ser livre
ou é livre de verdade?

O que você faz com a sua saudade?
Sente falta, simplesmente,
ou expressa sua vontade?

O que você faz com o seu amor?
Deixa bem guardado
ou  ama sem pudor?

O que você faz com o seu tempo?
Nunca tem tempo para nada
ou escuta a resposta do vento?

prova de amor e a efemeridade das coisas

Vi o filme com os olhos hidratados. Afinal, é muita emoção, com situações limítrofes,
em que vida e morte trafegam paralelas. A angústia das perdas, do que cessa,
sem nos consultar, da aflição de sentir escorrer o que parece (parece) ser tudo que temos.
Ao sair do cinema, pus-me a refletir: ora, a manhã linda de qualquer dia, mes e ano nunca
mais acontecerá e, nem por isso, nossos corações apertam-se, por essa irrecorrível passagem. Nunca mais teremos a idade que já tivemos, nunca mais jogaremos aquela partida (ainda que outras se sucedam), o sanduíche delicioso que provamos e arrebatou o paladar não se repetirá, ainda que tantos outros sejam saboreados. Os amigos e amigas com quem convivemos, atualmente, crescem, modificam-se, mudam (de endereço, de perspectivas, de estado civil, têm filhos, trocam de profissão...). Portanto, eles não serão, mais, os mesmos.
Todas as noites morrem no amanhecer, todo os Sóis se põem e, ainda que voltem a despontar no horizonte, será outro Sol, diferente dos demais. Os caminhos que percorremos, diariamente, renovam-se, de acordo com nossa percepção, atenção, estado de espírito. Nós trocamos de pele, constantemente e a pele é o nosso maior órgão, assim, também nós deixamos de ser, fisicamente, o que fomos, embora não percebamos as metamorfoses.
Variamos de projetos, de prioridades, há sonhos que rejuvenscem, outros que se escondem em guardanapos, espelhos, troncos de árvores, palmas das mãos, bilhetes enrugados.
Em suma, a vida coleciona despedidas e, concomitantemente, nascimentos,
surpresas, novidades.
Há porvir por toda a parte, a prover olhares novos, sonhos novos, esperanças nascituras, fantasias que engatinham, em busca da realidade que as adote e as torne adultas.
Assim é a existência - coisas que acontecem, crescem, transformam-se, para que outras cheguem, ocupem seu espaço, floresçam, em moto contínuo. Aí repousa a beleza de ser,
o encanto que surpreende, pela renovação e pela impossibilidade de encarceramento.
Vida é liberdade, é movimento, é o rio que, somente na aparência, é sempre o mesmo.
Portanto, a maior prova de amor à vida é viver, boquiabertos por tudo que esse processo maravilhoso é capaz de nos oferecer. Ele traz, ele leva, releva e nos sorri, infinitamente, pois infinita e imortal é a nossa paixão de estar aqui, com todas as incertezas que nos impelem a prosseguir, a criar, a sorrir, a chorar, a catar desejos, em nós mesmos, a cantar para que nossos temores adormeçam e tenham dias e noites serenos.

ps: este texto foi recitado, ao ouvido de minha alma, novamente. Não sei o motivo, mas acatei a solicitação tácita de relançá-lo ao mar.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

ar(vores)

Hoje, andando sobre árvores, lembrei de você...
lá embaixo, havia um desfile de saudades serenas,
o tom do olhar, o jeito de dizer as coisas, a cambalhota no ar.

Amanhã, lembrando de árvores, desfilarei sobre você,
lá na saudade, serenidades darão cambalhotas,
sem jeito, perderei o tom de dizer as coisas...
faltou o ar...

quarta-feira, 9 de junho de 2010

viola e madrugada

Paulinho da Viola escreveu, mais ou menos, o seguinte:

"Quem sabe eu encontro, em meio à madrugada, uma vaga esperança nos olhos de quem despertou de um sonho igual ao meu..."

Reflito eu: existe algo mais revelador que o olhar, espelhando utopias, carícias essenciais e perdidas pelos quatro cantos da memória, recuperadas num átimo, no balé esquisito do átomo da paixão?

enquete

Minha casa tem uma porta, uma janela e uma cama!

Falta alguma coisa?

terça-feira, 8 de junho de 2010

neologismo

Sofia diz ao homem das estrelas: "Você foi precipitado"!
A filha de Sofia pergunta: "Ele é um príncipe, mamãe?"

Moral da história: o homem das estrelas é um "principitado".

sorrisos sem nome

Acordei envolto em sorrisos anônimos, desconhecidos, pingentes.
Mas será preciso identificar, nomear, reconhecer, racionalizar?
Ao levantar, deixei-os sobre os travesseiros.
Mas eles, travessos, acompanharam-me até a porta do quarto e,
simplesmente...sorriram para mim.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

inventário de surpresas

"Hoje eu tive certeza. Não vou caber dentro de mim"

A frase, de autoria de Alex Polari, é a síntese do meu dia, do momento que me abraça e a dedico a vocês, com muito carinho!!

futuro do presente

Você me deu, de presente,
um presente sem fim...

Você me deu, de presente,
um presente pra mim...

Você me deu, represente,
nem pressente, assim...

Você me deu, de presente,
pra mim!!

ainda há galos, noites e quintais

Não sei o que busco,
pois é brusco o encontro com o quase.

Não sei o que quero,
pois espero esperas sem fim,
feitas de anjos e feras, "jazzigo" e jardim.

Sou desejante e faltante,

errado e errante,
sou maio, sou raio e, por vezes,
fico fora de mim.

Mas não traio
o louco, o rouco anseio
de jamais fugir de mim.

domingo, 6 de junho de 2010

existe um lugar...

Não repare  nos silêncios,
cicatrizes das palavras,
não foi fácil contar histórias...
lá, de onde eu vim.

Não repare nas palavras,
hemorragia de desejos,
não foi fácil calar instintos...
lá, de onde eu vim.

Nã repare nos desejos,
vizinhos da loucura,
não foi fácil estancar os medos...
lá, de onde eu vim.

Não repare na loucura,
amante da razão,
não foi fácil remendar os sonhos...
lá, de onde eu vim.

Não repare nas razões,
que eu tenho pra te amar,
não foi fácil resgatar a vida...
lá, de onde eu vim.

Sintonia

Esperei,
quando a espera se esgueirava, clandestina
Esperei em cada olhar,
esperei em cada esquina.

Esperei acordado,
quando todos já dormiam,
esperei ancorado,
quando os barcos já partiam.

Esperei nas grutas,
nas insanas madrugadas,
esperei nas lutas,
nas entranhas das jornadas.

Esperei nos gritos
que o silêncio amordaçou,
esperei nos mitos
que a razão já desprezou.

Esperei sentado
contemplando a escuridão,
esperei cansado, enganando a solidão.

Esperei, de pé,
mal contendo a ansiedade,
esperei, até,
desaprendendo a ter saudade.

Esperei, de uma vez,
todo encanto e poesia,
esperei, talvez, o que não mais se espera,
hoje em dia.

Esperei, enfim,
e esperaria por mais vidas,
e ainda espero...
para lhe dar as boas vindas.