domingo, 29 de junho de 2014

eucracia

Nós estamos fazendo o possível. Assim falam médicos para parentes de pacientes impacientes, patrões para trabalhadores e suas dores, empregados de companhias aéreas para passageiros sem asas, governantes para governados desgovernados...Possibilidade e necessidade parecem inconciliáveis, nos quatro cantos do planeta. O necessário é tão pouco provável ou serão necessárias mais provas para obter o que não se tem? 
Médicos também são pacientes e impacientes.
Patrões não conseguem demitir todas as suas dores.
Companhias aéreas perdem o chão.
Governantes voltam a ser o que eram antes.
Fazer o possível é ver somente o visível (ou o que se quer ver), tocar no tangível (para que alguns interesses permaneçam intocáveis), ouvir o audível (pois escutar e entender corações e almas é outro nível).
Concilia-se apenas o que é conciliável, abriga-se o que é abrigável, ama-se o amável, tolera-se o tolerável. E a medida de todas essas coisas é determinada por "estados" soberanos e impenetráveis, a "eucracia".
Ouvi uma frase recentemente que me marcou: "cada brasileiro é um Brasil". Se assim for, abrirei mão de minha cidadania solitária, em prol de
uma utopia solidária. Sou quem sou pela soma do que vejo e me vê, do que toca e me toca, do que ouço e me ouve.
O que houve com todos nós, se estamos deixando de ser nós?

segunda-feira, 23 de junho de 2014

diferente

Impossível é o difícil com grafia diferente
Pessimismo e gaiola são coisas iguais
Às vezes, o passado passa na frente
Mas é o presente quem sabe o que faz

deixa

Deixa eu te contar, antes do esquecimento,
coisas que não deixei pra lá
Deixa eu me encontrar no teu pensamento,
pelo amor de Alá
Deixa eu descontar os juros,
para ficar menor o preço do que peço
Deixa eu acreditar, à minha feição, nos furos,
pois na rota da perfeição eu tropeço

cipós

Nenhum dos nós será capaz de nos atar
Ah! Tá...mesmo que eles sejam mais
e jamais estejam sós,
ainda que sejam anzóis,
nós ainda poderemos pecar
Nenhum de nós é apenas um
Ter pena não vale a pena,
sequer faz voar
Quando se quer com todo querer,
o mais difícil é desistir
Nenhum de nós é somente nós
E mesmo que a estrada esteja quase oculta por tantos pós
E haja mil oceanos entre você a chegada
Para que servem os cipós?

sexta-feira, 20 de junho de 2014

lição

Lição da Copa do mundo:
a força cansou de ficar com os mais fortes.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

3D

A vida acontece em três dimensões:
o esperado, o inesperado e o desesperado.
Na primeira, mais do mesmo.
Na terceira, menos de si mesmo.
Na segunda, não sei mesmo.

como mosquitos

Sejamos esquisitos.
Vamos incomodar, como o fazem os mosquitos.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

sobre peões e campeões

Nesta vida, não somos mestres, tampouco doutores.
Somos todos estagiários.
Ganhamos, perdemos, sejamos amos ou emos.
Aliás, temos mais de peões que de campeões.
Rodopiamos, derrapamos, caímos, choramos e rimos, até de nós mesmos.
Por tantas e tantas vezes, estamos a esmo, com euforia desmedida e alforria sob medida.
Somos cobrados e nos cobramos. O mais difícil é nos recobrarmos depois de tantas doses, quase overdoses, de tempo pedido e perdido.
Pois a linha de chegada está e sempre estará dentro e não fora da gente. Só que não percebemos isso, por ser tão e cada vez mais urgente chegar na frente.
Ainda que não haja ninguém atrás ou diante de nós.