domingo, 20 de outubro de 2013

interpretar-se

Os poemas que parimos entregam-se a quem saiba admirá-los, não nos pertencem mais.
Se os quiséssemos para nós, ficariam presos na garganta da inspiração e não poderiam correr o mundo, encorpando-se pela sensibilidade de olhos que os leiam e os compreendam melhor que o próprio poeta.
Os filhos que geramos são poemas especialíssimos, feitos de substâncias mais sutis que as palavras. 
A exemplo das frases, eles nascem e ganham forma, transformando-se naquilo que ousam ser. Da mesma maneira, também não nos pertencem.
Se os quiséssemos para nós, ficariam presos na garganta da piração da posse e não poderiam correr o mundo, encorpando-se pela própria sensibilidade, que lhes permitirá ler-se e compreender-se, tornando-se intérpretes de si mesmos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário