domingo, 10 de janeiro de 2016

A musicalidade do olhar

Olhar é bom, mas não é tudo. A grande diferença, o toque de classe e o mergulho certeiro estão na capacidade, pouco assídua na estatística, de olhar...tudo. Ou melhor, de olhar melhor. Ver o que não está à vista, compreender o que jamais foi dito, decifrar o que sequer foi codificado. Olhar é, apenas, o princípio. Enxergar é outra conversa, dessas que acontecem em silêncio. Pois as palavras foram, sim, convidadas, mas para outro evento. Quando a obra estiver suada, o suor estiver pronto. Quando o cansaço estiver tão cansado que qualquer esforço seria uma afronta. O fantástico encontro entre a magia e a realidade
dá-se na ausência dos sentidos, um milésimo de segundo antes que eles irrompam na cena. Como obstetras e não bebês. Os sentidos são instrumentos, os sentimentos são a música.

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