terça-feira, 5 de julho de 2016

Olimpíadas de verdade

Durante as Olimpíadas (e depois dela) mostrem ao mundo a imagem do Rio de Janeiro sem photoshop. 
A cidade é linda e feia, com todos os seus trastes e contrastes. É preciso conhecer os desvãos, para que o amor não seja em vão. O Rio é a Barra e a Tijuca, também. É a Lagoa, a Rocinha, Gamboa e a Cidade de Deus. Para que endeusar as zonas sul e oeste, se há, sim, beleza no subúrbio, ainda que diferente? A Cidade Maravilhosa estará nas lentes do Planeta e nada recomenda a deturpação de suas realidades. Há esgotos a céu aberto, poluição de rios, lagoas, mares, desigualdades em todos os lugares. Ruas são dormitórios para gente anônima há tanto tempo, que se alimentam de restos e de vento. Buracos multiplicam-se, como a fortuna de gente graúda e tão miúda de espírito. Mesmo assim, a integralidade do Rio deve ser mostrada. O que de macio existe em sua pele, sem a exclusão das cicatrizes, as veias das vielas. Nossas atrizes são naturais - praias, cachoeiras, matas e o Cristo.
Mas, por Ele, aproveitemos a oportunidade tão especial e permitamos "nudes" de nossas contradições. Só assim conseguiremos, um dia, vestir a cidade com nossas mais antigas e rejuvenescidas aspirações. Que a verdade suba ao pódio, deixando na poeira a mentira e o ódio!

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