domingo, 27 de novembro de 2011

louca esperança

Qual a importância da reciprocidade? Até há pouco eu a considerava em termos absolutos,
a fina flor da teoria da dádiva. Mas já não penso ou sinto mais assim. Consigo lidar com a
ausência de retribuição, ao menos, em algumas situações. Isso significa que a entrega nem
sempre pressupõe um movimento análogo de quem recebe. Essa hipótese é aplicável aos
muito próximos e aos muito distantes. Os primeiros por pertencerem a um grupo muito
seleto, aqueles que podem entrar sem bater no meu coração, ou melhor, sequer saem dele.
Os outros por serem contingentes e assim a eventualidade, por si mesma, dilui qualquer
expectativa. No curso da vida, esperamos muito de poucos (nem sempre somos satisfeitos)
e um pouco de muitos (o resultado não é diferente). Jamais deixarei de esperar,
de acreditar, de desejar, ainda que o acervo de intenções solitárias seja acrescido.
É que intenções, mesmo desacompanhadas, confirmam a existência da existência.
Desejo, logo, existo. Se a estrada termina, nem assim desistirei da viagem. Se meus
pés cansarem, minha imaginação conseguirá levar-me muito, muito longe. Por isso,
de um jeito ou de outro, chegarei onde meus olhos não alcançam.
Ainda que lá eu não seja amigo do rei, minha louca esperança será coroada de êxito.

Um comentário:

  1. Helcio,

    Eu aprendi a lidar com a reciprocidade, eh preciso saber lidar, assim entendo. Eh como lidar com um cavalo (já fiz hipismo), rédea as vezes solta, mas nunca solta de todo, mãos leves, mas, seguras. Assim, tenho tratado os outros e minhas próprias expectativas.

    Um abraço,

    Suzana/LILY

    P.S.: o feriado daqui me desconcentrou. Farei a carta, amanha!

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