domingo, 20 de outubro de 2013

processo e resultado

Muita gente valoriza cegamente o resultado, não conseguindo perceber que o sucesso decorre de um processo virtuoso, inteligentemente emocional.
Os imediatistas esperam pelo fim do jogo para se prostrar diante da vitória ou da derrota,
tornando-se reféns inertes dessas senhoras caprichosas e cheias de artimanhas.
Pois é de arte e de manha que desejo falar. A arte do raciocínio do coração, a manha da emoção de óculos.
Há alguns anos, no intervalo de uma partida de futebol de salão, o time em que eu jogava perdia de 2 x 0. Todos esperávamos uma preleção eminentemente crítica do nosso treinador, chacoalhadas em todas as direções, sermões apontando todos os erros que teríamos praticado naquela metade de embate, para construir placar adverso e desconfortável.
Para nosso espanto, o nosso treinador, uma alquimia de Menotti e Luxemburgo, com pitadas de filosofia carioca, desafiou nossas expectativas e disparou, em voz baixa: "Está tudo certo, para virarmos esse jogo, basta fazer exatamente o que fizemos até agora". E o estranho vaticínio confirmou-se. Vencemos por 3 x 2.
O treinador-profeta parecia ter encarnado o espírito de Sabino,se não estou enganado, autor da célebre frase "No fim tudo dá certo, e se não deu certo é porque ainda não chegou ao fim".
O exemplo no esporte serve para qualquer atividade humana. O processamento do resultado não é mais importante que a resultante do processo.
Se o processo estiver correto, a bússola certamente apontará para a direção do triunfo, ainda que ele não esteja ao alcance da ansiedade, mesmo que a estrada seja suficientemente longa para esconder temporariamente a linha de chegada.

2 comentários:

  1. Bom-dia, Hélcio!
    Assim como o que você escreve, achei o técnico mencionado acima maravilhoso!

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  2. Bom dia, Angela. Ele é um grande amigo meu, uma figura única.

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