sábado, 30 de novembro de 2013

carne viva

Eu quis muito ser filho.
Até fui, mas só por um fio.
Sobre esse fio eu andei, às vezes devagarinho, outras vezes voando, mas sempre temendo cair.
Não havia rede, nem proteção, a pele toda eriçada, tão distante dos poros, querendo sair.
Em carne viva, dei vivas à carne, que tanta falta me fez.
Um dia, entendi que o melhor banquete só se reconhece na ausência da fome, talvez.
Pai eu quis muito ser.
E sou, mas demorei um pouco para entender.
Foi preciso ouvir mais e melhor meu coração, para me desvencilhar das teias do abandono.
Amo ainda mais meus filhos, por afinal ter conseguido amar o filho que fui, num sonho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário