sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Sem açúcar e com afeto

Nos anos 80, alternativos falavam em alimentos naturais, orgânicos, sem agrotóxicos. Aqueles seres estranhos curtiam meditação, afastavam-se de refrigerantes e de tudo que continha açúcar refinado. E olha que não era fácil rejeitar uma Coca-Cola, um milk-shake, um cachorro-quente, com bastante molho, mas tanto que transbordava da embalagem e pousava na mão da gente.
Somos o que comemos, diziam os bichos-grilos de então.
Mas essa filosofia de vida restringia-se aos macrobióticos, aos hippies, às tribos remotas que ainda acreditavam em paz e amor. Chegou o século 21, com a tecnologia no colo, inclusive a que facilita o acesso às informações, democratizando-as. Com um pouco de paciência e bom senso, consegue-se separar o joio do trigo. O que me intriga é a teimosia de muitos de nós, ao insistirmos nos velhos vícios alimentares, no consumismo alienado, entorpecidos pela propaganda e pela praga da Maria que vai com as outras. Somos o que ingerimos com a boca e com a mente.
Carboidratos secundários (açúcar refinado como grande vedete da companhia), farinhas (inclusive a integral), legumes, verduras e frutas não orgânicas são predadores temíveis. E eles têm amigos fiéis (a eles): o estresse continuado, a ansiedade crônica, o catastrofismo mental, que produz crenças fragilizadoras, capazes de nos desestabilizar e adoecer. O que envelhece não é a coleção de primaveras, mas a degeneração, traduzida em patologias físicas e mentais. Precisamos despertar o quanto antes, rever nossos conceitos de bom, gostoso e saudável. Para quem admira a arte da culinária, há pratos saborosíssimos, que acariciam nossa homeostase. É fácil romper com dependências, com hábitos de décadas? Certamente, não. Mas vale a pena.
A exemplo de tudo nesta vida, mera questão de escolha.
Que vida queremos viver?
Que tal colocarmos a nossa assinatura em nossas existências?

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