sábado, 29 de outubro de 2011

encomenda

Mãe, não me deixa no escuro.
Lá eu escorrego e não encontro o que procuro.
Na claridade eu me reconheço e me curo.
Vê se entende o que não consigo te dizer.
Meu corpo e minha alma se precisam,
mas ficam indecisos quando não se podem ver.
Minhas mãos carregam décadas de escadas,
cada qual com seus degraus,
em graus variados de dificuldade.
Como eu queria sentir saudade daquela idade,
em que a noite passava tão depressa,
com a manhã chegando quando a vontade começa.
Encomenda novamente aquele Sol
que escondia toda sombra sei lá onde.
Envia para o endereço certo, que eu recebo.
E não se esqueça que perto é bem melhor que longe.

8 comentários:

  1. ... lembrei da poeta Adélia Prado:
    " mãe cê tá aí mãe? "
    excelente Helcio,
    existe colo melhor que este?

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  2. Com certeza, essa encomenda encontrou vários destinos e tambem endereço certo.

    Chega sempre uma hora, aquele momento escuro, sempre chega...e a gente pensa em braços que embalam.

    Muito bonito!



    Um abraço,

    Suzana/LILY

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  3. Excelente mesmo! Também adorei!
    Beijo, beijo!
    She

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  4. "Clara como a luz do sol
    Clareira luminosa
    Nessa escuridão, hum! hum!"

    Com o apoio da mãe, o carinho da filha e de quem mais estiver por perto, as nuvens passam, simples assim.

    L.

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  5. Até hoje eu prefiro as manhãs e durmo obrigada para o dia logo se chegar com a claridade.
    Seus textos me lembrou meus medos.

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  6. Eu sempre saio daqui mais feliz, seus poemas me tocam a alma.
    Um beijo
    Denise

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  7. Hélcio,como é bom chamar por nossa mãe e pedir o que necessitamos,mas pode ter a certeza, de que ela sabe muito bem seu endereço.Um grande abraço!

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  8. Que entrega. Foi isso que me encantou. Todos nós voltamos a ser crianças quando chamamos por nossa mãe e nos pomos ao alcance de sua poderosa proteção, mesmo em face de uma escuridão bem maior do que nós.
    Beijokas, querido poeta.

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