sexta-feira, 27 de julho de 2012

Desespero


Não digo coisa com coisa. Seria muito chato.
Digo de muitas maneiras, sempre escancarando as torneiras,
escandalizando as trincheiras da patética normalidade.
Profiro a ética da palavra selvagem, sem cabresto.
Firo a calmaria, para que sangre novidades.
Prefiro arriscar a alma do que riscá-la do mapa das nações soberanas.
São profanas minhas utopias. Não verto sobre as pias a água de mãos lavadas.
Elas são levadas, inventam itinerários, invertem os horários da prontidão.
Minhas mãos falam o idioma de minha língua, conhecem o paladar da liberdade,
trafegam em tuas costas suadas e ofegantes, na contramão do que conhecias.
Quando ias eu vinha, para que fosses outras tantas, em parábolas tântricas, sem parar, sem esperar que esperes, por saber que queres desesperar.

8 comentários:

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  4. Fantástica a sua leitura, percepção e sintonia com esse desespero, My.

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  5. E o desespero que julgava conhecer se veste de novo sentido, nas palavras moldadas de sons e imagens, que me invadem e desesperam. Muito bonito mesmo !!! Beijos

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  6. Ante o desespero ninguém compreende
    só conselho,
    depois da coisa feita, diagnosticam
    como loucura, como se nada soubessem
    que louco é o desespero que não se
    desenrola, se rasga por inteiro...

    Navego no teu barco meu amigo
    bem louca queria se-lo...

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  7. Livinha, o barco ama o mar e o cais. Eu também queria sê-lo, como uma carta sem selo, pronta para postar.

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  8. Alice, esse é o melhor desespero, que se despe e não se despede, que pede para ficar.

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