segunda-feira, 3 de novembro de 2014

escafandristas

Somos sobreviventes. Sobrevivemos principalmente a todas e tantas esperas. Nada é mais longo que esperas. São filas intermináveis de desejos, ora calados, ora colados em nossos ouvidos. Resistimos pela humanidade que existe, em doses variadas e variáveis, em cada um de nós. De quando em quando, precisamos retirar palavras, pensamentos,
olhares e sentimentos contaminados que são espetados em nossas peles. E muitas vezes sequer percebemos. Adormecemos sobre insônias,
amamos ao redor de ódios requentados, acreditamos a despeito de ceticismos requintados, academicamente elaborados.
Sobrevivemos a sucessivos naufrágios, sem perdermos o amor ao mar.
Nossos sonhos, os melhores deles, são escafandristas. Enfrentam pressões inimagináveis, correntezas halterofilistas, pela certeza de que as grandes profundidades escondem os tesouros mais preciosos.
Afinal, atrás da vida só não vai quem já morreu, mesmo que não saiba.

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