domingo, 25 de agosto de 2013

sociedade dos poetas vivos


Alimento a palavra que me alimenta, que me nutre de luz, que me seduz com seus encantos secretos. Refiro-me à palavra que está por toda parte e em cada
parte de mim e do que me rodeia. A palavra que banha o rio, que mata a sede de toda aldeia. A palavra que enche as salas de espera com esperanças, que habita a sola dos pés dos sonhos incansáveis e a palma das mãos das vontades insaciáveis.
Busco a todo instante a palavra-fermento, que faz crescer meu sagrado desvario. A palavra-exorcista, que afugenta o fantasma do conformismo. A palavra sem fetiches, mas que enfeitiça, que atiça. A palavra-sem-vergonha, nada castiça,
que comete pecados. A palavra arisca, que se arrisca, que risca minha mente, muito 
antes de atirar-se sobre a tela. A palavra que se estatela, exatamente como o Sol e a Lua o fazem, quando os espreito da janela. A palavra que não é somente ela, mas também suas surpreendentes metamorfoses. A palavra que me escreve, antes que eu pudesse fazê-lo. A palavra que, com todo zelo, convida-me a dançar. E não caberia recusa. 
Trata-se da palavra que me defende de mim mesmo. Daquela que jamais se entrega a esmo, unicamente por paixão. A palavra mestiça, ecumênica, plural, que não se submete, não se curva. Palavra doce como uva, mas escorregadia como casca de banana para aqueles que não a amam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário