terça-feira, 21 de outubro de 2014

como somos

Ah!! Benditas eleições. Não apenas a que determinará quem estará nos Palácios, mas as que fazem emergir os gritos até então escondidos em nossas gargantas. Colecionamos frustrações medievais, rancores ocultos no interior de paredes, como o fizeram cubanos simpáticos a Fulgencio Batista com seu ouro de tolo, na vã pretensão de desenterrá-los, quando a Revolução popular fosse enterrada. Essas exumações emocionais são
catarses poderosíssimas, embora desgovernadas. Despencam pelas ladeiras do inconsciente, até se espatifarem no concreto da realidade imparcial e apartidária.
Somos o que somos e o que fomos. Somamos fomes, dando-lhes nomes nem sempre corretos. O festival de ofensas verbais que infestam redes sociais é um espetáculo que incentiva a reflexão desapressada. Corações mais ressecados que o Sistema Cantareira chovem, trovejam, sem que vejam entrada ou saída. Labirintos escuríssimos em que medos trafegam em mão dupla como morcegos cegos, chocando-se uns com os outros,
numa Babel pós-moderna.
Até domingo que vem (e que ele venha logo), o tiroteio maniqueísta lançará suas balas perdidas como os sonhos de quem desistiu ou jamais se permitiu sonhar.
Li palavras da lavra de quem não conheço, que me fizeram um bem enorme. Conheci-me um pouco mais, revisitei páginas da minha história e como gostei de estar lá, estando onde e como estou. Preconceitos, generalizações, extremismos, amarguras crônicas são mais letais que o vírus do ebola. Tudo o que arranha a Natureza é bola fora, gol contra,
samba atravessado, harmonia desafinada. A beleza e a sabedoria esgotam-se, levando para o esgoto os maiores tesouros desta curta e insubstituível vida.
Tomara que também a vida tenha segundo turno, segundo tempo e que não seja rebaixada para a segunda divisão!

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