sexta-feira, 24 de outubro de 2014

o juiz

O Juiz de uma pequena cidade senta no banco dos réus. Poucos sabem que ele está entre a vida e a morte (como todos nós). 
Um despreparado advogado contratado pelo magistrado vomita, antes de ingressar no Tribunal, por acreditar que a vida de seu cliente está em suas mãos. Coloca para fora, portanto, as próprias culpas que não foram absolvidas, os remorsos que deixaram de ser absorvidos no processo da sua vida. 
Outro advogado, filho do Juiz, entra no circuito e elabora a linha de defesa do acusado, a quem condenara tantas vezes por violar a "lei do
afeto".
Advogado, filho, juiz, réu e pai fundidos num banquete de significados remotos e de pouco controle. Um coquetel molotov de lembranças e esquecimentos que explode na alma das contradições do lugarejo.
Como ser justo com o outro e consigo mesmo, em meio ao vozerio de fantasmas interiores?
Ausências também podem ausentar-se, derrotas podem ser derrotadas,
o que se imaginava perdido ainda pode ser pedido.
Risos, lágrimas, flexões de sobrancelhas. Na tela rolavam os créditos e na minha poltrona uma ideia me cutucava. Cotidiana e metaforicamente, somos todos juízes e advogados. Quem são os réus?

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