segunda-feira, 10 de novembro de 2014

o que é direito

Quero ver como se jamais houvesse visto. Com olhos nascituros,
que produzam olhares puros, sem resquícios ou indícios de passado
ou futuro. Quero enxergar no escuro, no furo das evidências. Quero
abster-me de ciências e de penitências, reunir todas as ausências e
transformá-las numa grande festa. Quero ver o que infesta as frestas,
pular o muro do improvável. Descobrirei o olhar inflável, que flutue na
espuma das nuvens e dos mares e rios. Um olhar que derreta os frios,
as rochas, que conduza as tochas ao lugar mais iluminado que já se viu.
Dispenso óculos e lentes, bem como paisagens indolentes que não me
provoquem. Ficarei distante das coisas ocas e olha que não são poucas.
Penso na perspectiva da intuição e que os ventos soprem ao meu
ouvido esquerdo o que é direito. É desse jeito que olharei.

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