quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

memória seletiva

Minha memória é esquisita. Ela só me cutuca para reavivar as coisas boas. Gols marcados por mim ou por outros, que ainda deixam estufada a rede existencial, em que me deito, até que os sonhos me adormeçam e depois eu acorde sorrindo. Ela empina palavras outrora afiadas, no intuito de torná-las aliadas de meus voos fortuitos. Soltas como o vento, a chuva e a imaginação, elas saem por aí, brincando com os fantasmas, até que eles deixem de se assustar com elas.
Minha memória é seletiva. Ela filtra o que nela se infiltra e só permite que passe o que não congestiona a vida. Ela não curte formalidades e prefere esquecer as idades das tolices.
Minha memória se doa, para que em mim não doa o que sabiamente ela perdoa.

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