quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

A arte da perda

Se a perda é arte, somos todos artistas, então. Tão perdidos, nos perdemos do que se desvencilhou da gente, com ou sem inúteis arrependimentos. Curiosamente, colecionamos essas perdas, na tentativa de não nos perdermos delas. Guardamos o que já não temos, pois tememos não nos ter. Mas o que será ter-nos, se não somos eternos? Sejamos ternos conosco, mais que a finitude o é. A finitude é infinita, a morte é imortal? Quem souber as respostas, por favor, publique-as num jornal que eu não leia. Deixem comigo as incertezas fundamentais. Não quero perdê-las. Para que ser artista o tempo inteiro? Até porque prefiro o tempo fatiado, dividido. Assim, terei uma chance de dominá-lo e dele me perder, com arte.

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