quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

impreciso

Preciso dos ventos, dos movimentos incessantes.
Preciso do depois, do durante e do antes.
Preciso dos temporais, da força insana.
Preciso do que clama, da chama que incendeia.
Preciso da aldeia, para poder estar só.
Preciso da necessidade que salta da veia.
Preciso da teia, para então me libertar.
Preciso da falta, da ausência gritante, para poder desejar.
Preciso de um levante, do caos fecundo. 
Preciso de um instante, de um nada profundo.
Preciso de Deus, a cada segundo.
Preciso estar no mundo, mas dele não ser.
Preciso ter, para não precisar.

 

6 comentários:

  1. Pois vc é um ser incessante, vibrante, brilhante...preciso dessa sua imprecisão, seguir seus passos, um afago, um abraço!

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  2. Nana, nem sempre meus passos, mas o que passo pela voz do coração.
    Abraço noturno!

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  3. Grande Hélcio! Parabéns por esta preciosidade de poema.
    Mandou a letra, sem pena,
    pegou de jeito; na veia. Depois foi ao cinema.
    Como fica a plateia, depois de receber um fino riscado,
    um jogo de Ademir, que avança lentamente dentro da vida?
    Teu poema lança luzes
    num espaço
    de tantos espelhos;
    quando a cena se divide,
    teu poema mata a sede!
    Grande abraço!

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  4. Abraço forte, poeta e amigo Marcelo. A poesia causa e mata a sede de nós todos. Os espelhos estão fora e dentro de nós, refletindo o que fomos, somos e todos os nós que tentamos desatar.

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  5. Ontem dei um voo rasante por aqui. O resultado foi que quase amanheci, sorvendo devagar as suas palavras.Amigo Hélcio, poeta de mão cheia, com a assinatura dos sonhos e a doce inquietude
    Seus poemas tocam fogo na aldeia.
    Quando eles passam, a criançada faz a festa e o que fica é permanente.
    Grande abraço!

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  6. A aldeia me incendeia, Marcelo. A aldeia é o elo com a solidão que produz, que induz ao encontro, ao primordial encontro...comigo mesmo.
    Abraço forte!

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