quinta-feira, 12 de abril de 2012

jiló

Fascina-me o imprevisível, o acontecimento que subverte a agenda,
o fato que ilude o tempo, que dá uma rasteira na monotonia, que
deixa tudo de trás para frente. Encanta-me o que nada tem de
indiferente. O repentino, que me entrega um sorriso de menino,
o atiçante, que eriça a pele, resfriando a espinha e aquecendo a
imaginação. Benditas as lufadas do novo, que retiram as almofadas
e me fazem caminhar de novo. Que me tragam as frases levadas,
soando como trovoadas num céu de brigadeiro. Que cada janeiro
seja dedicado jardineiro, plantando frutos saborosos. Jorrem milésimos
de segundos sobre a criatividade irrefreável, que os transforme em pequenas
eternidades, para onde migrem todas as saudades de múltipla cidadania.
Como ninguém dizia: por mais que seja amargo, é doce gostar de jiló.

2 comentários:

  1. Hélcio,
    Na vida só a mudança é certa.
    Retas "dizem" : opção correta!
    Porém prefiro errar
    Sigo em curvas
    Insidiosas e turvas
    Tortuosos labirintos me atraem
    Dispenso certezas enganosas
    Vejo os sofismas que me traem
    Insisto em tramas sinuosas
    Paraísos falsos me distraem
    Mas eu sempre retorno aos infernos astrais
    Há perigo em cada esquina
    Saio sozinha e atravesso temporais
    O tênue equilíbrio me ensina
    Perder o juízo e abrir os portais
    Revelar incertezas e tramas da sina
    A alma me guia por caminhos amorais
    De janeiro a janeiro a estrela matutina
    Deusa do amor e da beleza inspira nós mortais
    Oh Vênus me ilumina!
    Doce,amargo,ácido e salgado: prazeres sensoriais
    Mente que prova a diversidade sem disciplina
    Percorre distâncias abissais
    Bagunça,provoca sentidos e me inclina
    É disso que vivo em buscas colossais
    Iludindo o tempo e a monotonia cretina
    Prossigo em descompasso e rebeldia imortais

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  2. Nathalia,
    "a monotonia cretina"...adorei a expressão.
    Estagnação, água parada, coração congelado, emoções sem sons, sem gemidos, sem grunhidos, seres não vividos.
    Visitou-me súbita vontade de ouvir, no mais alto volume, o texto de Paulo Pontes, na magnífica "Brasileiro. Profissão: esperança".
    Seu comentário é um hino à irresignação, é injeção de vida na veia, é um chamamento à mudança - existe dança mais envolvente que essa?

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