quarta-feira, 11 de abril de 2012

tântrica

Que alma inquieta é essa?
Mesmo sem ser provocada, ela tem pressa.
Que alma inquieta é essa?
Ela transborda, pinta e borda, nem sabe por onde começa.
Que alma inquieta é essa?
Adora uma prosa mas, dependendo do rumo, desconversa.
Que alma inquieta é essa?
Busca sempre a harmonia e, por isso, nunca atravessa.
Que alma inquieta é essa?
Apesar de ser tanta, é tantra, é alma à beça.

8 comentários:

  1. Hélcio, a imagem que me vem é a de um vulcão em erupção, é a de um coração que transborda o seu amor, espalhando pelo mundo a matéria-prima de seu desasossego.
    A sua poesia é sintonia fina, prato saboroso no cardápio de nossas escolhas.
    Sua poesia é escola de portas abertas para o livre sentir, lá onde a vida embriaga seus seguidores.
    Parabéns pelo poema e obrigado pela alma generosa que existe e resiste em você.
    Grande abraço
    Marcelo Ottoni

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  2. Marcelo, meu amigo,
    é a erupção da vida, aquela que dobra e desdobra as esquinas, que desvenda os labirintos e clareia todas as noites, como se dias fossem.
    Abraço forte!

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  3. Ah essa alma indomável...
    Caprichosa e sem pudor.
    Não se preocupa, desfruta.
    Alma mitológica, coletiva.
    Nossa alma recôndita e impalpável.
    Diáfana, misteriosa e subversiva.
    Oh alma imoral!
    Nos serve de álibi essa bandida..
    Para a libertação do corpo traído e traidor.
    Não há pecado nos domínios da alma.
    Toda vontade é acolhida!
    Sonhos e desejos descarados
    Passam sem censura, desnudos e desatados.
    Na vigília a farsa é natural.
    Na poesia onírica todos pecados serão perdoados.
    Nossa melhor porção que nos resguarda e acalma.
    Na alma não há o grilhão do julgamento.
    Arde, queima, incendeia a vida reprimida
    Desapegada alma que dispensa o tormento
    Incorpora de vez e nos insere nesta tântrica dança.
    Subverte os códigos há muito tatuados.
    Anula os sensores do superego e nos faz criança.
    Ah essa Inconsequente safada!
    Arranca as raízes repressoras do juízo.
    E nos concede enfim a chave do paraíso!

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  4. Alma imoral! Assisti a peça teatral com esse nome, que parafraseia o título de um livro, escrito por um rabino, se não me engano. A protagonista (creio que Clarice Niskier), permanece inteiramente nua por quase todo o transcurso do espetáculo. E é espetacular vê-la assim vestida/despida de falsos pudores, escandalosamente elegante em sua tez dramática, emblemática como a nudez da noite, que desce e cobre, sem que sobre um milímetro por cobrir.
    Quero a chave do paraíso e, para isso, descobri a porta dos meus desejos mais insanos, guardados, qual tonéis de vinho, por tantos anos, para que ficassem mais saborosos e, assim preparados, possam ser devorados, para que não desapareçam, para que anoiteçam e amanheçam sorrindo para outros desejos que estejam vindo, sem hora para partir.

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  5. Exatamente,Hélcio! Propositalmente fiz alusão a peça e ao livro homônimos. Li o livro de Nilton Bonder 3x já e vi a peça em Sampa, magnífica! Do livro que nos faz sedutoramente duvidar dos conceitos de alma e traição. Onde trocam de lado traído e traidor, marginal e santo, corpo e alma: " Há um olhar que desnuda, que não hesita em afirmar que existem fidelidades perversas e traições de grande lealdade. Este olhar é o da alma!"

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  6. É esse o olhar que me olha, Nathalia. Eis a alma e eu, frente a frente, face a face, nossos lábios a um passo do paraíso e é preciso um passe de mágica para o encanto passar.

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