domingo, 27 de julho de 2014

sãs

Entendo de adiamento de mortes (assim mesmo, no plural). Já quase morri algumas vezes, noutras talvez tenha tido mais êxito. É vital morrer muitas vezes..de fomes e sedes, que não são (quiçá, nem devessem ser) saciadas. Feito um saci, pulando numa só perna, para descansar a outra, escapei de armadilhas, sem me entrincheirar. Pois gosto muito do cheiro das lutas poéticas, amo o contorno das luas e das noites tão éticas, por seu compromisso de respeito às manhãs, que precisam chegar, no tempo certo. E é de manhãs que desejo falar. As dores, as febres, as geleiras, as aflições, com ou sem eiras e beiras, tudo isso tem fim nas manhãs e suas adolescências. Elas são sãs em suas repetições (ao contrário de nós) e jamais são vãs, por inaugurarem nelas e na gente alguma coisa sempre diferente. Sonho sonhos e creio ser sonhado por eles, que quase me devoram, mas me preservam, para que eu não perca a possibilidade (sempre exercida) de sonhar.

Um comentário:

  1. ... nem sempre tudo termina quando chegam as manhãs...
    ... é nas manhãs que por vezes tudo recomeça..., o pesadelo continua... com os olhos acordados...
    [com a privacidade perdida, perdi o jeito do voo e do diálogo e ganhei uma controlada raiva que me mata devagarinho]
    festas felizes, Hélio.

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