quarta-feira, 10 de junho de 2015

Até quando?

Com a globalização das verdades, pesos e parâmetros passaram a ser definidos ditatorialmente pela voz mansa e sedutora da propaganda. Assim, a supremacia (individual e coletiva) tornou-se a grande vedete das prateleiras, objeto de desejo de 11 entre 10 entrevistados. Busca-se performance, desempenho, resultado, vitórias, conquistas. Por isso, o repouso está em baixa. Quem ousará declarar-se exausto, no limite, se não haverá quem o imite? Todos ou quase todos caçam recordes, que devem ser superados sistemática e desumanamente. Você é o que suas medalhas e troféus, metafóricos ou não, dizem que é. E se não os tiver, deixa de ser. É preciso ter para ser. Desde uma barriga negativa
até investimentos financeiros mega positivos. Os sinais exteriores de prosperidade e riqueza certificam o pedigree, a superioridade, ensejam exclamações de bocas e olhos escancarados de fascínio. Concomitantemente, também são detonadores de outros sentimentos, de índoles diversas. Inveja, daqueles que cultivam os mesmos valores, mas apenas interiormente. Indignação, dos que gostariam de ser mais valorizados pelo que são e fazem. Que fase!
A lógica do pragmatismo impiedoso e tacanho resulta na defenestração de muitos profissionais. Pouco importa a seriedade do trabalho deles. Investimento na própria formação, planejamento estratégico, fortalecimento do grupo...nada disso segura a fome insaciável do imediatismo. Amanhã é tarde demais, depois de amanhã é nunca mais. A máquina de moer nomes e projetos é anônima e reduz tudo a meros dejetos. X é substituído por Y, este por Z e a ciranda não termina jamais.
Vivemos sob o jugo da ideia da perfeição, da infalibilidade, da hegemonia.
Até quando?

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