sexta-feira, 5 de junho de 2015

uma chance

Quero o grito mais profundo, alguma coisa tão diferente, que pareça vir de outro mundo. Quero a timidez desvirginada, vestida de desejo e mais nada. Quero torrentes de calores e frios, enfeitando minha pele de arrepios. Quero abdicar de todo aprendizado, deixando o tédio completamente entediado. Quero nova terra e novo céu, provar a chuva com gosto de mel. Quero vontades escancaradas menos atentas às saídas que às entradas. Quero redimir desistências e arquivar para sempre as penitências. Quero comemorar a volta da simplicidade, quero paz e alegria na minha cidade. Aos humildes exaltação, aos exaltados compreensão. Quero a noite com sabores e o dia sem dissabores. Quero crianças na escola e não na prisão, reprimir a desigualdade e distribuir compaixão. Quero abrir as gaiolas medievais e lutar para que não se fechem nunca mais. Quero apontar para o esquecido uma chance e torcer para que ele a alcance.

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