quinta-feira, 4 de junho de 2015

Ateus

Acreditávamos que a velhice era o portal da sabedoria. Após mais ou menos seis décadas, construímos o pressuposto da maturidade emocional, algo que induzia à ideia do equilíbrio,
serenidade, mansuetude.
Contudo, fatos recentes conspiram contra tal compreensão. Longevidade começa a desenhar-se como mero acúmulo de primaveras. Ao mesmo tempo, é chocante a percepção de que septuagenários, octogenários sejam também colecionadores
de outros artigos, alguns deles inclusos no Código Penal.
Céus! Poderiam ser nosso avôs e possivelmente têm netos.
O que estarão dizendo a seus descendentes? Quais as desculpas para culpas tão graves, se é que se desculpam ou mesmo sentem-se culpados. Talvez nutram desde sempre a
máxima de que ser rico é o máximo a ser aspirado pelo ser humano. Opulentos céleres, na busca infindável de amealhar vantagens, regalias, privilégios. Capazes de atropelar princípios, pela supremacia dos fins a que se propõem.
Que herança maldita legarão aos seus, hein? Metais, papéis, atas de negociatas. Materialmente aristocráticos, espiritualmente plebeus. Mas é provável que para esses neo senhores feudais todos os demais, que não compartilhem a sua cega adoração ao capital, sejam periféricos ateus.

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