terça-feira, 28 de agosto de 2012

vigésima quinta hora

Alvoroça o meu outono, roça no meu sono,
enguiça a preguiça, surfa a minha onda.
Desabotoa meu cansaço, desarruma uma a uma
as gavetas antigas, canta as cantigas que eu não aprendi.
Povoa os meus lábios com o mais repentino sorriso,
voa se for preciso, mas me tira daqui.
Inventa ventanias que varram dos meus dias todo o
desassossego.
E mesmo na calmaria que as velas da alegria nos
levem para bem longe do medo.
Acentua minhas fantasias, sabendo que sem as tuas
elas ficam vazias.
Escorra em mim feito tinta na parede, me sacia,
me vicia, como há muito não se via.
Me deixa com muita água na boca.
Por mais que me afogue, será morte pouca.
Não quero é morrer de todas as sedes.

2 comentários:

  1. "Inventa ventanias que varram dos meus dias todo o
    desassossego..."
    Lindo!
    Viver é abrigar na alma essas tais ventanias...
    Beijo.

    ResponderExcluir