quarta-feira, 30 de março de 2011

a estrada

Minha estrada tem mais curvas que retas.
Fechadas, abertas, perigosas algumas.
Mas não há acostamento, tudo acontece em plena pista,
à primeira vista, em mão dupla, a favor ou contra, mas
sempre à mão.
Minha estrada principia em outra e desagua em todas
que também não têm placas, nem destino.
Mas cuidado, pois há trechos em que ocorre travessia
de almas silvestres e outros em que a visibilidade é tão
grande que olhos comuns não conseguem enxergar.
Minha estrada não tem postos de abastecimento em suas
margens, pois nela não há veículos em trânsito, somente
sonhos em transe, que se abastecem de outros sonhos,
em pleno curso.
Ela é escorregadia, como a vida. E é tão gostoso deixar-se
levar, regar o dia com o suor do prazer, que não se adia.
Minha estrada não tem radares eletrônicos, pois todas as
velocidades são permitidas, na medida em que só há colisões
intencionais, consensuais e cheias de ginga. Não há vítimas,
apenas íntimas marcas ao longo da pista, que não se perdem de
vista jamais.
Lá, não há excluídos, nem anjos caídos que não queiram viajar.

3 comentários:

  1. taí um crime sem perdão: adiar o prazer.


    amie o texto.
    bjsmeus

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  2. Bom dia!
    Boa viagem na sua estrada de mão dupla, onde conforme você descreve´"apenas íntimas ... não se perdem de vista jamais".
    Adorei descobrir seu blog
    Um abraço
    Val

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  3. Deu vontade de viajar nesse estrada ...

    Doce beijo.

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