quinta-feira, 24 de março de 2011

vida à vida

A vida não gosta de coerências, ela se mistura,
escorrega, escolhe uma flor e a carrega, para onde
for. A vida nasceu virada para a lua, ela acertou em
cheio, desde que veio. A vida é gaiata, é gaivota  e
vota em si mesma. Sua plataforma é de todas as formas,
seu palanque é cada rosto, cada gesto que arranque uma
lágrima de espanto, seu manifesto tem as assinaturas do
vento, da esquina, do tempo que se inclina. A vida é de todas
as cores, mas não se decora a vida. A vida tem o dom das donzelas,
mas quem são elas? A vida não está em meras lembranças, nem em
quimeras, a vida está nas tranças de emoções, nas moções do destino,
no sorriso da menina e do menino, no hino de amor à vida.
A vida é turbulência, é excelência, mas só por ser excelente a vida.
A vida é excedente, pois nada escapa à vida, ela sai na chuva sem capa,
só para guardar a chuva em sua memória.
A vida é mais, é cais onde atraca até a morte. E a vida se atraca com a morte
e elas fazem amor, para que desse amor nasça a vida.


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