domingo, 16 de setembro de 2012

A perda da perda

Onde moro venta muito. 
E o vento sempre traz e leva algumas coisas.
Uma vez, um vento baldio levou minha mãe e deixou só um vazio.
Noutro dia, nova lufada carregou minha rosa preferida, mas restou o vasinho.
Eu escrevo alheio ao tempo e não invento.
Ganhei um caderno, onde anotei todas as minhas perdas, uma em cada folha.
A ventania encheu o quintal com folhas de árvores e arrancou todas as do caderninho.
Constatei que perdera minhas perdas.
Mas, estranho, o vento novo havia colocado algo naquele antigo vazio.



11 comentários: