terça-feira, 18 de setembro de 2012

SAARA - por Marcelo Ottoni


                                               Quando atravessa as manhãs
                                               de meu cotidiano,
                                               além de sangue
                                               e além de sonhos,
                                               o que é que meu corpo carrega?
                                               Na amplidão de seus desertos,
                                               nada redime o ser humano
                                               de sua dor em carne viva,
                                               de seu pranto à luz do dia.
                                               Como sobreviver à gritaria do mundo
                                               se o olhar enfurecido da rotina
                                               interdita o caminho de meus versos,
                                               e o lastro de doçura
                                               que me resta
                                               se desprende de meu riso
                                               e definha a céu aberto.

             

4 comentários:

  1. Marcelo,
    você é amigo (assim, com viés intransitivo). Mas vai além, pela amizade com a vida, com as palavras que a retratam e a tratam com indescritível intimidade. A honra é minha em ter meu espaço poético enfeitado com tanta sensibilidade. Que SAARA sare! Que o céu da compaixão e da poesia viva abra-se cadabra-se. Vida longa à magia da poesia.

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    1. Hélcio, obrigado pelas palavras generosas, pela sua poesia encantadora e, sobretudo, pela gratuidade de sua amizade. Obrigado pelo refinamento e pela dança das ideias. Obrigado pela textura dos sonhos, pela abusada meninice que não se esconde, que não se acanha, que abraça a vida, deixando belezura no caminho e as melhores marcas da existência. Abraço.

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  2. Junto-me ao Hélcio, nos votos de que Saara sare, meu eterno irmãozinho!

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  3. A tua poesia rasga as vestes da hipocrisia
    Furiosa decreta o fim da monotonia
    Se infiltra deliberadamente e posseira
    Desnuda as almas e desabriga os dias
    Que definham suspirando
    sem eira nem beira
    simplesmente porque amam
    e por amar viverão em busca de aprovação
    por um beijo ou por perdão.

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