terça-feira, 7 de abril de 2015

encontros e encontrões

Tornou-se uma raridade encontrar alguém, sem a presença desconfortável de uma barreira. Por vezes, a muralha é visível: o celular, o relógio, as coisas ditas inadiáveis, os compromissos que atingem como mísseis o desejo de permanecer. Noutras, a distância é intangível, indecifrável: frases sem sentido, olhares de curtíssima duração, gestos obsoletos, perguntas decoradas que prescindem de respostas, clichês nada chiques.
Quero a volta dos longos abraços, dos papos atemporais, das lágrimas de alegria ou de tristeza, compartilhadas por alguém que nos quer bem, que nos entende sem decifrar. Reivindico a moratória da ingenuidade perdida precocemente, a extinção das partidas sem a contrapartida das chegadas, o fim da terceirização do afeto, do cuidado, do aconchego.
Como disse Benjamin Disraeli, a vida é muito curta para ser pequena.

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