quinta-feira, 30 de abril de 2015

Leia

A siderúrgica intolerância contra o que se considera reprovável no outro revela um angustiante repúdio pelo que há de pior em si mesmo. Esconde-se o lixo, o tapete e exibe-se o prolixo topete para vomitar lições moralistas. E a lista de torpezas é longa. Ataca-se o que causa temor. A prática de injustiças com as próprias mãos, os linchamentos sumários das diversidades, o enforcamento da liberdade, o fuzilamento do perdão.
Erros podem ser superados, redimidos. Mas como corrigir o erro de ceifar uma vida? A pena de morte é, sim, medieval, jurássica, brutal, lastimável.
Simboliza a obscuridade humana, a supremacia do obscuro desejo de vingança. Nem mesmo o mero assassinato da pena de morte conduzirá à evolução humana. Ela é só um sintoma. Precisamos descobrir vacinas contra a indiferença, o desamor, o analfabetismo espiritual. Até hoje, mulheres são apedrejadas ou mutiladas genitalmente. A escravidão não
foi abolida, apenas ganhou novas embalagens. Professores são agredidos, moradores de rua incendiados, no mínimo, pelo fogo da eugenia. A indignação popular é sufocada com spray de pimenta. Mas pimenta nos olhos dos outros é refresco para quem pratica atos de onanismo com o sofrimento alheio. E nenhum de nós deve ficar alheio à angústia alheia. Diante de qualquer atrocidade, não feche seus olhos. Entenda que há uma mensagem urgente nos olhos de quem padece. Leia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário