terça-feira, 11 de maio de 2010

a arte de escutar

Escutar é dizer, sem falar. Por isso, não se corre o risco do dito
pelo não dito, pois não há ruídos nesse som, que é, apenas, sentido,
percebido pelo próprio silêncio, em reverência ao mais que respeitoso
cessar de palavras e julgamentos do outro.
Vê-se mas não se ouve, fala-se, mas não se transfere afeto, faz-se
de conta que isso é troca, quando, no máximo, é o troco, a paga por algo
que não se pediu.
Escutar, somente escutar, é proeza que as mães bem conhecem.
Elas escutam os sinais do perigo que seus filhos ainda correrão, pois
trafegam nos becos estreitos do cuidado extremo e, outras vezes, nas amplas
avenidas da alegria proporcionada por um sorriso que substitui todas as palavras
e ainda acrescenta algo de sublime, que não se pode traduzir.
Escutar é ser regente de si mesmo, para manter em repouso os instrumentos
estridentes da razão desvairada, para calar, na mais perfeita harmonia, o vozerio
da vaidade, do sou-mais-eu.
Escutar, enfim, é amar sem segredo, sem medo, sem fim.

3 comentários:

  1. a arte de escutar é difícil, mais ainda sem julgar, muito mais tentando compreender.

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  2. certamente, minha cara blogueira, é meta constante, mas alcançável, com humildade e dedicação.

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  3. Escutar é dizer, sem falar. Por isso, não se corre o risco do dito.

    Mas não estamos também, sujeitos ao risco de FALAR?

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