sexta-feira, 5 de agosto de 2011

o beijo

Desisti de ouvir notícias. Afinal, gosto de novidades.
Cansei das fofocas mundanas, das crises cíclicas do
capital, dos escândalos cínicos da Capital.
Na contramão da história, quero que me roubem. Calma!
Um roubo específico, em ato pacífico. Que me seja roubado
um beijo. E não precisaria devolver. Mas que fizessem bom
proveito. Ele bem poderia ser lançado ao ar, como um
espirro, para que contaminasse outras bocas. Um beijo
itinerante que, ao desconhecer fronteiras, desprezar ideologias,
se hospedasse em lábios de todas as etnias. Mas um beijo
humano e não divino, pois impregnado de desejos, temperado
por paixões. Um beijo assim, sem senões, sem sermões.
Imaginem o que seria um beijo tão atípico, viajando por aí,
sobrevoando medos, solidões, beijo que selaria perdões,
que abriria portões. Um beijo apátrida e sem bandeira, mas 
beijo com eira e à beira da loucura de ser tão livre, mas tão livre
que não se prendesse em boca alguma, que não se perdesse na
banalização. Um beijo sem passado, alheio ao tempo, que não
fosse passatempo. Um beijo que transbordasse sentimento no
momento em que outro beijo o encontrasse.


6 comentários:

  1. Um beijo de liberdade como todo beijo deveria ser.
    Li uma, duas, três e voltarei pra ler outra vez.

    "Um beijo que transbordasse sentimento no
    momento em que outro beijo o encontrasse."

    Que lindo isso... além de palavras borboleta agora beijos itinerantes... quero um!

    Beijokas e sinta-se "roubado"!

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  2. Um beijo assim, salvaria o mundo da dor, da miséria, da incerteza. Meu abração.

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