segunda-feira, 17 de maio de 2010

pressentimento

Quando o sol se puser e os homens calarem
tudo será noite e fim,
não gritarei por mim,
pois só restará minha ausência.

As árvores, com seu brilho e teias,
neblina do mistério,
serão meu mar.

O inconsciente transborda
sem aviso, nem chamado
e tudo se perde, junto a mim.

Vou adiante,
inerte como as multidões,
cantando a morte de todos os olhares negados,
correndo atrás de pássaros,
qual gato selvagem.

A lua não é mais Lua
e, para lá do outro lado que não se vê,
encontro-me e desperto
na transparência de uma rua vazia,
perdida pelos cantos dos olhos.

Sem pressa ou culpa,
sigo a trilha a cada instante,
levando, nas mãos,
luas, sóis e abismos.

É na escada que me encontro
vôo pela escuridão alada,
sou farol na tempestade.

Passo a passo,
correndo, vou para lá,
universo subterrâneo
de vidas e morros que se perdem de vista.

E me desdobro,
clareio
e viro o vento,
uivo de todos os tempos.

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