terça-feira, 17 de agosto de 2010

retrovisor

Nunca tive catapora
Não sou amigo do rei
Ofereço um abraço a quem chora
O sapo, não fui eu que enterrei

Eu era bem magricelo,
não comia direito
Não sei tocar violoncelo,
mas a vida me toca com jeito

Até fui bom de bola,
de tanto driblar confusão
Não aprendi na escola
o que tenho na palma da mão

As palavras, fiéis companheiras
nunca me deixaram sozinho
Mesmo nas brincadeiras,
sempre fazia um versinho

Paixão pulsando nas veias
Os pés correndo no chão
Escapando de tantas teias
Aprendendo a dizer não

Trocava tanto de casa,
que esquecia o endereço
Mas poucas vezes confessava
como era caro aquele preço

Um dia, quebrei um dedo
e o corpo inteiro doeu
Eu fiz o meu próprio brinquedo
mas, depois, esqueci quem me deu

3 comentários:

  1. Muito bem-disposto, este "retrovisor".

    Gostei especialmente da última quadra

    Parabéns!

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  2. ...um dia quebrei o dedo e o corpo inteiro doeu...
    penso ter sentido também dor incongruente.

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