domingo, 3 de julho de 2011

ciclos

A vida anda tão rápido que a lágrima de tristeza
é aproveitada pela alegria, antes de cair.
Ladeiras decidem quando sobem e quando descem,
num ritmo bipolar. E lá vamos nós, surpreendidos
pelos instantes, que morrem de rir do nosso despreparo.
Quem correm são os carros ou os motoristas, quem
representa longe dos palcos melhor ou pior que os artistas?
Um grito de gol...será de quem? Será que sorrio ou é melhor
esperar? E de esperas é feita a existência: o sinal fechado, a
porta aberta, a fila que não anda, o relógio que não para...
A angústia que chega sempre atrasada, que a gente tenta afogar
no chuveiro, incendiar com o isqueiro, hipnotizar com o desejo.
E a esperança, essa anciã tão elegante, que insiste em articular
ciladas, para desorganizar o tédio e bagunçar o coreto da
renúncia, pois a melhor pronúncia para ela é o que está dentro
e não fora da janela.




10 comentários:

  1. "Tudo é uma questão de manter
    A mente quieta
    A espinha ereta
    E o coração tranquilo
    (...)
    A toda hora, todo momento
    De dentro prá fora
    De fora prá dentro"

    Pai, após ler "ciclos" meu coração reproduziu o movimento dos meus lábios e sorriu. Saltei na direção de cada verso e tornei-me personagem em todas as fases (o que não é raro por aqui).
    Amo MUITO esse cantinho e o seu protagonista.

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  2. Divagando...
    É assim o tempo consumido, sem ter hora nem lugar, por um espaço obliquo que nos leva devagar.
    A ilusão na esquina, esperando o colorido
    já que perdeu o sentido, por não sabe mais pintar...

    Gostei muito do teu escrito Helcio,
    assim hoje estou me sentindo, o que
    acredito que seja isto a vida no mundo.

    Um abraço

    Livinha

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  3. :)))
    às vezes não sei comentar...:)
    abraço, Helcio.

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  4. A minha revolução interior acabou encontrando eco aqui!
    Tenha uma ótima semana!
    Um beijo com o meu carinho

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  5. Querido,
    Adoro seus versos, sua poesia. Vou levar pra mim: "E a esperança, essa anciã tão elegante, que insiste em articular ciladas, para desorganizar o tédio e bagunçar o coreto da
    renúncia, pois a melhor pronúncia para ela é o que está dentro e não fora da janela."
    Vou guardar no coração.
    Um beijo
    Denise

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  6. Nana, comentário cheio de leveza e sabedoria. Amo muito essa comentarista!

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  7. Tatiana, que você encontre ecos por aqui a tudo que a impulsionar, esculpindo sorrisos em seu rosto. Abraço carinhoso!

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  8. Pode levar, Denise. Após o parto, as palavras nascituras não me pertencem mais. E se guardado estiver em seu coração, estarão em lugar mais que seguro. Bj.

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  9. Pois o fez com toda a delicadeza, Maria!

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