segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

a lagarta e a borboleta

Goreth ama a juventude. Por isso, procura mantê-la em si, apesar da meia idade:
o corpo delgado, as maneirices no falar, no andar, no olhar.
- Estou de "bob", diz ela, em meio ao ócio criativo. Tão espontaneamente quanto
os gestos expressivos, quase teatrais, com que ilustra o relato de casos engraçados,
curiosamente cotidianos.
Em sua nuca, uma borboleta e a inicial de seu nome convivem em paz, como nunca.
Aquela letra também poderia ser uma alusão à gaiola, onde pudesse aprisionar
a borboleta, nos momentos em que sua liberdade, inconscientemente, assustasse Goreth.
Mas borboletas não ficam presas em gaiolas, as frestas são mais do que suficientes
para que as transponham e voem impunemente.
Goreth não havia pensado nisso. Surpreendida com a gaiola vazia, comovida
com a perda do encantamento da borboleta, precisava usar toda a sua criatividade, pois
se existe uma coisa que Goreth não suporta é algo sem utilidade. 
Com a sagacidade que lhe é peculiar, Goreth resolveu a questão, sem pestanejar:
colocou na gaiola todo o seu passado, para que nunca mais pudesse voar e, muito menos,
qual lagarta, sofrer metaformose e em borboleta transformar-se.


4 comentários:

  1. Oi Helcio

    É o não aceitar o que se passou e amar o que se vive no momento.
    Prisão por qualquer motivo que seja, jamais.

    Bjs no coração!

    Nilce

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  2. Oi, Nilce!
    Liberdade às borboletas, do passado e do presente,
    que todas voem e, se por acaso, se forem, que continuem a voar.
    Beijo no seu coração!

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  3. Ótima ideia...deixa o passado pra tras e deixa a borboleta da liberdade voar...beijinhos...
    Valéria

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  4. Liberdade às metamorfoses, que a lagarta cumpra seu destino, Valeria.

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